Torne-se perito

Instalação de pousada no forte de Peniche divide movimentos antifascistas

a Está já transformado em polémica política o projecto de instalação de uma pousada da Enatur no forte de Peniche, que foi prisão de militantes antifascistas nos anos do Estado Novo. Na sequência de uma reunião ocorrida no início desta semana com o presidente da câmara local, a associação Não Apaguem a Memória - de que alguns membros tinham já manifestado reservas ao projecto - emitiu um comunicado em que manifesta "firme oposição à construção da pousada".A associação promete "desenvolver todos os esforços e mobilização cívica" para impedir a transformação "das antigas celas em quartos de um qualquer hotel de luxo". E justifica esta posição por considerar, terminada a reunião com o autarca, que "a preservação do Museu da Resistência de Peniche não está garantida no protocolo assinado em 2002 por este município e pela Enatur".
O presidente da câmara, António José Correia, não quis comentar esta reacção da associação, dizendo respeitar "a liberdade de opinião" dos seus membros. Acrescentou que na reunião de segunda-feira prestou "todos os esclarecimentos necessários" e disponibilizou os documentos do processo, nomeadamente o texto do acordo celebrado em 2002 entre a Direcção-Geral da Património, a Enatur e Câmara de Peniche, quando esta era presidida por um autarca socialista.
António José Correia, do PCP, diz, contudo, que não aceita "lições de preservação de memória", e reafirma que a instalação de uma pousada no forte será "uma oportunidade única para a reabilitação" do museu, que actualmente está bastante degradado.
Em defesa do autarca e contestando a posição da Não Apaguem a Memória veio, entretanto, o dirigente comunista de Peniche Dias Coelho. "Este alarido só pode ser febre eleitoral, só se entende como uma tentativa de alguns dirigentes do PS que fazem parte desse movimento de quererem dar uma imagem de esquerda ao PS quando foram eles os principais promotores da ideia", disse o dirigente à agência noticiosa Lusa.
Também a União de Resistentes Antifascistas Portugueses veio defender a instalação duma pousada em parte do forte de Peniche, desde que conciliada com o Museu da Resistência. "A fortaleza de Peniche é um símbolo único da resistência e não devia ser cedido para fins turísticos que se vão sobrepor e impor ao aspecto museológico", contestou Joana Lopes, da direcção da Não Apaguem a Memória. com Lusa

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