Um clássico de Shakespeare na comemoração do 60º aniversário do Teatro Universitário do Porto

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"Aquário" foi uma das peças representadas pelo TUP no ano passado DR

A ideia da companhia levar a cena um clássico da literatura mundial surge depois de um passado marcado sobretudo pela representação de peças de dramaturgos contemporâneos. De acordo com a encenadora, Rosa Quiroga, a representação da peça de Shakespeare, pretende “dar uma abordagem lúdica e teatral”, que apostou sobretudo na performance das personagens.

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A ideia da companhia levar a cena um clássico da literatura mundial surge depois de um passado marcado sobretudo pela representação de peças de dramaturgos contemporâneos. De acordo com a encenadora, Rosa Quiroga, a representação da peça de Shakespeare, pretende “dar uma abordagem lúdica e teatral”, que apostou sobretudo na performance das personagens.

O texto de “Sonho de uma noite de Verão", rico em metáforas, permitiu ao elenco apostar na representação, aquilo que a encenadora define como uma “acrobacia das palavras”. O facto dos actores serem na sua maioria estudantes e antigos estudantes, ajudou também à interpretação da obra do dramaturgo inglês, que como explicou a encenadora, têm já uma maior maturidade e compreensão sobre a obra.

A peça que estreou ontem foi o resultado de um trabalho de 4 meses de trabalho que marcam também o fim de um curso iniciático no TUP, que acontece a cada dois anos. Através de um financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian e do apoio logístico dado pela Universidade do Porto (UP), o grupo contrata formadores profissionais para leccionar as aulas. Este ano foram professores no TUP Catarina Lacerda (interpretação), Rosa Quiroga (práticas teatrais), Anabela Sousa (movimento) e Patrícia Brandão(voz).

Apesar destes apoios, a vice-presidente do TUP Constança Carvalho Homem, admite que o número de participantes está a diminuir cada vez mais, facto que atribui à maior “pressão académica” e à falta de disponibilidade dos actores: “há 20 anos as pessoas não tinham uma grande vida académica, levavam o teatro mais a sério, havia mais tempo”. Para a vice-presidente, “o TUP só vive porque há o curso de formação e a vontade das pessoas”.

A opinião de Constança é corroborada pelos membros do TUP, que por diferentes motivos, que vão desde a pressão académica e profissional ao problema da falta de remuneração - uma vez que se trata de um teatro amador -, não têm tanta disponibilidade para a companhia, e a maioria não vê o teatro como profissão futura, e se vê, pensa numa actividade remunerada exercida em paralelo.

Daniel Viana, finalista do curso de Ciências de computadores da Faculdade de Ciências da UP entrou para o TUP este ano e pretende continuar a carreira no teatro ao mesmo tempo que exerce outra actividade na área da licenciatura. “Estou a tirar este curso para ter uma base de salário e ser actor em paralelo”. O caso do estudante da Faculdade de Ciências é diferente do de Bárbara Sá, licenciada em Antropologia, que não vê o teatro como profissão, mas como uma actividade que faz por prazer. Na mesma situação está também Carla Capela, escultora e professora, neste momento a tirar um mestrado em artes visuais intermédias, que optou também pelo teatro amador, sem ter em vista uma carreira profissional.

A peça vai estar no TUP até dia 14 de Abril, na sede da companhia situada na Travessa de Cedofeita, no Porto.