Corno de África é das zonas mais instáveis do continente

a Da Eritreia à Somália, o Corno de África, que cobre cerca de dois milhões de quilómetros quadrados, incluindo Djibuti e a Etiópia, deve continuar a ser em 2008 uma das regiões do mundo a requerer mais atenção e esforços pacificadores. O conflito que desde 1991 existe na Somália não mostra sinais de abrandar, sendo até possível que logo ali ao lado o reacender da guerra entre os eritreus e os seus antigos ocupantes etíopes eleve toda a região de mais de 90 milhões de habitantes, no Nordeste africano, a novos índices de violência armada e de sofrimento humano.
A rebelião islamista contra o Governo Federal Transitório (GFT) somali - eufemismo para designar o poder existente no eixo Mogadíscio-Baidoa - interliga-se com a da Frente de Libertação Nacional do Ogaden, no Leste da Etiópia. E juntas perpetuam uma conflituosidade de há séculos entre somalis e etíopes; desde os tempos em que os portugueses chegaram à Abissínia, então conhecida como a terra do Prestes João das Índias, um rei cristão que procurava combater "a moirama".
Empenhado em três frentes (Eritreia, Somália e Ogaden), sem solução à vista, o Exército etíope, herdeiro das tropas do antigo Negus, parece com grandes dificuldades de conseguir atingir o objectivo de controlar todo o Nordeste de África. E Sally Healy, do Real Instituto de Estudos Internacionais, de Londres, entende que ele está a infligir um "sofrimento inaceitável" à população de Mogadíscio, gerando uma crise humanitária que nos últimos meses começou a rivalizar com a do Darfur como as maiores do mundo.
Um pouco a ocidente da região do Corno, avançando para o interior da África, encontramos um segundo triângulo da morte e do sofrimento. É constituído pela região sudanesa do Darfur, pelo Chade e pela República Centro-Africana.
O envio de missões pacificadoras como a da Eurofor, que sob comando francês foi constituída para o Chade, nada mais fez do que evitar que a crise se aprofunde, dada a fragilidade da segurança em toda a região. E qualquer abordagem desta zona triangular, onde as etnias não conhecem fronteiras, nunca poderá ser isolado do que se passar no Sul do Sudão, esse conflito adormecido na bacia do Nilo Branco. Na cidade de Juba funcionam um governo e uma assembleia regionais, embrião de uma possível independência futura, a referendar em Janeiro de 2011.
O principal recurso das terras meridionais sudanesas é o petróleo, encaminhado via Cartum por um oleoduto até Bur Sudan (Porto Sudão), à beira do Mar Vermelho, para que depois possa seguir para a China e outros destinos. Jorge Heitor

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