Torne-se perito

Na terra dos ricos, que desta vez é Nova Iorque, a bisbilhotice está num blogue

AXN estreia hoje em exclusivo Gossip Girl, série que começou
há apenas dois meses nos Estados Unidos

a E se um grupo de estudantes de um bom aspecto impossível e posses abastadas vivesse em torno de interesses como o dinheiro, o sexo, as drogas e jogos de poder maledicentes? Isso seria The O.C. (Na Terra dos Ricos). Agora já não. Isso é Gossip Girl, uma espécie de The O.C. (passado na Califórnia) da costa leste dos Estados Unidos. A série que se estreia hoje, às 21h30, no canal de cabo AXN chega a Portugal dois meses depois da sua estreia absoluta no país de origem, bem sucedida ao ponto de ter garantido logo a realização de uma temporada completa (22 episódios).Se The O.C. tinha telemóveis, carros, mansões e mar a perder de vista, Gossip Girl tem blogues, carros e apartamentos com vista para o Central Park. Mas o produtor Josh Schwartz acha que são séries "completamente diferentes", a começar pelo facto de Nova Iorque ser uma personagem em Gossip Girl, como contou à revista do New York Times. E há outra vertente, já pouco inovadora mas quase uma necessidade para lançar uma série: o site, o espaço para os fãs criarem os seus próprios argumentos e o jogo virtual para os transportar para as festas a que vão as personagens (www. cwtv.com/shows/gossip-girl).
A Gossip Girl existe apenas em voz off, visto que se trata de um blogue de autora desconhecida que passa em revista a vida da elite estudantil do Upper East Side de Manhattan, zona onde moram e estudam (em colégios privados com fardas de mini-saia e gravatinha) os mais ricos de Nova Iorque.
Essa voz é a de Kristen Bell, a protagonista de Veronica Mars (em exibição no Fox Crime e que entretanto foi suspensa nos EUA) e agora uma das personagens de Heróis. O seu blogue é anónimo e ao mesmo tempo omnisciente, talvez inspirado no Gawker, a página real que segue celebridades e fomenta a bisbilhotice em Manhattan. Mas os protagonistas desta série que cheira a espírito adolescente (rico) são outros. Há os muito ricos, populares e imunes às regras e os da classe média, mais ou menos inadaptados e que trocam olhares de amor-ódio com os primeiros.
Primeiro o livro
O programa é uma adaptação de uma conhecida colecção de livros Gossip Girl, de Cecily von Ziegesar (há quatro livros editados em Portugal pela Bizâncio). Os livros desta série são literatura acessível para adolescentes e jovens adultos, tipicamente recheada de elementos essenciais para a média dos jovens ocidentais: marcas, lutas de popularidade, diz-que-disse, sexo, drogas e rock "n roll.
A série do canal de orientação feminina CW já vai no oitavo episódio e as audiências rondam, em média, os três milhões de espectadores (para um canal que não é um dos quatro grandes dos EUA, é um número simpático). Foi a primeira das séries que se estreiam no Outono americano a ser escolhida para ter continuidade na estação televisiva e mantém-se na liderança das audiências entre as mulheres com idades entre os 18 e os 34 anos.
Mas entre os críticos houve quem escrevesse que os livros acabam por ser melhores do que a série, houve quem achasse que é uma espécie de telenovela, mas a ideia geral é que a série é um pouco mais Internet e mais arriscada em alguns temas, mas que contém os ingredientes que as predecessoras históricas, como Beverly Hills 90210, já tinham. Com blogues e smart phones em vez de telefones no quarto e diários fechados à chave. Mas sempre em torno da hierarquia de liceu e da luta entre os ricos e os menos ricos.

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