Descoberto tesouro romano com milhares de moedas

Estação arqueológica no concelho da Mêda escondia na parede da casa de um antigo ferreiro um tesouro em moedas de cobre e bronze

a Um tesouro monetário romano do século IV, com 4526 moedas, foi encontrado no sítio arqueológico do Vale do Mouro, Coriscada, concelho de Mêda. Segundo o arqueólogo António Sá Coixão, as moedas de cobre e bronze estavam escondidas numa parede, "juntamente com objectos de ferro, provavelmente na casa que teria pertencido a um ferreiro". O achado foi feito na quinta-feira passada, no último dia da campanha arqueológica que estava a decorrer desde Julho, adiantou o responsável pelas escavações. "Estava no local com dois homens, já a elaborar os desenhos finais, mas mandei fazer uma sondagem", contou António Sá Coixão. "Os homens começaram a abrir uma vala e um deles chamou-me a atenção dizendo que estavam lá umas paredes e foi nessa ocasião que encontrámos as moedas escondidas", recordou o arqueólogo, acrescentando que o espólio estava "dentro de um saco de serapilheira, o que é uma coisa para o inédito". Segundo explicou, quem escondeu o "tesouro" executou "um alinhamento de pedras, colocou as moedas no interior de um saco de serapilheira, deitou uma camada de terra e, por cima, disfarçou com ferragens diversas (uma foice, uma picareta, argolas para lareira, duas chaves) e mais terra, para as pessoas pensarem que era uma tulha de ferreiro". "O dono das moedas enterrou-as no local, mas depois terá morrido e já não as desenterrou, tendo elas permanecido escondidas até agora", supõe o arqueólogo.
António Sá Coixão mostra-se surpreendido com o achado, constituído por um número "invulgar" de moedas. Já tinha encontrado outro "tesouro" de menor grandeza, composto por 414 moedas, durante prospecções em Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa). Todavia, observou, que "os tesouros romanos são encontrados nos sítios mais esquisitos".
O espólio tem "um valor muito grande", tendo em conta a futura musealização do sítio arqueológico e a criação de um museu onde todo o material ali encontrado será mostrado. As 4526 moedas, aponta o arqueólogo, "têm que ser rapidamente inventariadas", para o que serão contactados especialistas que as irão estudar, limpar e inventariar, como aconteceu com o achado de Freixo de Numão. "Não podem ficar fechadas num cofre, têm que ser preservadas", defendeu, esclarecendo que "as moedas de bronze conservam-se melhor, mas as de cobre estão muito deterioradas".
Na campanha arqueológica deste ano participaram meia centena de arqueólogos, técnicos e alunos de arqueologia de universidades do Porto, Polónia, Sérvia, Jugoslávia, Itália e Espanha. Lusa

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