A PROTAGONISTA

Regina Guimarães

Digamos que ela desconfia do sunny side. Ela, Regina Guimarães - poeta, tradutora, argumentista, dramaturga, cineasta, letrista e líder informal da ocupação do Rivoli -, prefere dizer isto do que dizer outsider. Que é, em parte, o que tem sido, sozinha ou com Serge Abramovici (Saguenail), o francês que em Abril de 1974 veio a pé, descalço, da Holanda até Portugal, por causa de um telegrama muito curto (dizia só: "Vem já. Houve uma revolução"). Ele veio logo e conheceu Regina Guimarães - natural do Porto, onde nasceu em 1957 -, no Café S. Lázaro. Os anos que se seguiram incluíram a Faculdade de Letras (foram ambos leitores de Francês), a cooperativa Paralaxe, a revista de cinema A Grande Ilusão e uma série de ficções e documentários ("Feitos quase sem dinheiro, com o nosso dinheiro, com pouco dinheiro, com um desprezo visceral pelo dinheiro e as suas lógicas silenciadoras", como disse Regina há meses à Pública), com destaque para o monumental O Nosso Caso, um filme-inquérito em seis volumes sobre o cinema português. Nos intervalos, Regina faz as letras dos Três Tristes Tigres, publica poesia (invariavelmente em edições de autor ou pequenas editoras) e traduz e escreve textos para teatro, como este Curto-Circuito, para o Teatro Plástico, que accionou a ocupação em curso. Não é totalmente comum na sua geração, mas sim, ela ainda se lembra do Maio de 68. I.N.

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