Mais de 20 mil à chuva no Festival de Paredes de Coura

Impermeáveis, galochas, sacos do lixo: todos os planos B foram postos em prática. Festival termina hoje

A probabilidade de acontecer em Agosto era mínima e a probabilidade de acontecer duas vezes em Agosto ainda era mais da ordem da ficção científica. Mas aconteceu em 2004 e voltou a acontecer este ano: a chuva instalou-se em Paredes de Coura poucos minutos antes de Morrissey subir ao palco (típico de um puro-sangue britânico: ele gozou com isso e tirou duas vezes a camisa para ficar em tronco nu) e só desapareceu da vista do festival bem depois das 18h00 de ontem. Houve quem não ficasse para ver: certas zonas do parque de campismo ficaram temporariamente intransitáveis.
Como há dois anos, Paredes de Coura mobilizou-se para o esforço de guerra: às 15h30, a Sapataria Alternativa continuava a vender galochas (9 euros) e os impermeáveis já estavam esgotados na drogaria. Por algumas horas, Paredes de Coura pareceu ser a sede de uma convenção mundial de gabardinas, vendidas a cinco euros na vila e a dez no parque de campismo.
A distribuição de mil impermeáveis e de sacos do lixo foi, de resto, um dos itens do plano B posto em prática pela organização, que também decidiu oferecer uma bebida quente a cada portador de bilhete, transformar algumas zonas do campismo e a praça da alimentação em tendas colectivas, pavimentar o chão com gravilha, pôr um ecrã gigante nas zonas abrigadas e transferir o Jazz na Relva e as leituras da editora Objecto Cardíaco para o centro cultural.
"Este é um festival em meio natural - e a natureza tem sol e tem chuva", desdramatizava João Carvalho, da organização, na hora mais crítica dos aguaceiros. A câmara municipal também disponibilizou espaços cobertos para quem quisesse transferir a tenda para um recinto à prova de água. Tarde de mais, para quem já estava na auto-estrada: não foram muitos, garante a organização.
Ao final da tarde, quando Jesse Hughes dos Eagles of Death Metal começou o assédio às foxy ladies de Paredes de Coura, já não chovia (mas continuava a haver espectadores com medo que o céu lhes caísse em cima da cabeça). O festival termina hoje com Bauhaus, The Cramps e !!! - e sim, hoje deve chover menos.

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