Sporting confia aos "notáveis" decisões sobre património

Medida aprovada em assembleia geral por três quartos dos sócios presentes. Em causa estão imóveis não afectos ao uso desportivo

Os sócios do Sporting presentes na assembleia geral (AG) realizada anteontem, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, deram total confiança ao presidente Filipe Soares Franco votando a favor de que as decisões sobre a venda de património sejam delegadas no Conselho Leonino, um órgão integrado por "notáveis". Com efeito, a medida foi aprovada por mais de três quartos dos associados (76 por cento) que compareceram em mais uma reunião magna do clube.Após ser eleito há pouco mais de um mês, com 74,2 por cento dos votos - face a 25,3 por cento de Sérgio Abrantes Mendes e 0,6 por cento de Guilherme Lemos -, Soares Franco viu a proposta do seu Conselho Directivo ser aprovada pelos 920 sócios presentes, num total de 7013 votos, dos quais 24 por cento foram contra, registando-se ainda um por cento de abstenções. Numa assembleia geral de cerca de três horas - mais uma vez interdita à comunicação social, como se tornou tradição do Sporting -, a afluência ficou longe dos cerca de 3000 associados presentes em 17 de Março, no mesmo local.
Na altura, 64,54 por cento dos sócios "leoninos" votaram a favor da venda de património, mas sem atingir os dois terços requeridos pelos estatutos. Dias depois daquela AG, Soares Franco e os restantes elementos dos órgãos sociais do clube de Alvalade renunciaram aos respectivos cargos, há cerca de dois meses, antecipando o cenário de eleições.
"A assembleia geral delegou no Conselho Leonino a deliberação relativamente à venda de património não-desportivo do Sporting. Caberá àquele órgão consultivo analisar a venda, caso a caso ou em bloco, no prazo de um ano", disse Rogério Alves, presidente da Mesa da AG e bastonário da Ordem dos Advogados, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião. O dirigente esclareceu ainda que as abstenções, por jurisprudência do anterior líder da AG, Miguel Galvão Telles, não são contabilizadas para apurar as maiorias.
Em causa estão imóveis como o Edifício do Visconde de Alvalade, o complexo comercial Alvaláxia, o ginásio Holmes Place e a clínica médica CUF, todos nas imediações do Estádio de José Alvalade. "Agora, o Conselho Directivo vai analisar as várias propostas que chegarem e, posteriormente, o Conselho Leonino vai decidir. Vamos vender. Serão cerca de 50 milhões de euros de receitas previstas, o que significa 15 milhões de euros de mais-valias", disse Soares Franco, classificando o processo como "decisivo para o futuro do Sporting a curto e médio prazos".
Ainda antes das eleições, que levaram 37 membros da lista de Soares Franco a sentar-se no Conselho Leonino, face a 13 membros da lista de Abrantes Mendes, os "senadores" já tinham aprovado a ideia de vender património imobiliário, numa reunião realizada em 27 de Janeiro de 2006, três meses depois da demissão do anterior líder, António Dias da Cunha.
Soares Franco, eleito em 28 de Abril após ser cooptado na presidência devido à saída de Dias da Cunha, defende que o passivo do Sporting, cerca de 277 milhões de euros, só pode ser "atacado" com a venda de património, sobretudo para suprir o défice de tesouraria (16,7 milhões de euros) e os encargos com juros (13 milhões de euros por ano). Lusa

Sugerir correcção