Furacão Rita poupa grandes cidades do Texas e Luisiana

Ciclone atingiu a costa com ventos de 192 km/h, mas provocou menos estragos do que se temia. As grandes cidades foram poupadas ao impacto directo da tempestade

Houve muitos estragos, mas afinal a chegada do furacão Rita à costa Sul dos Estados Unidos foi menos dramática do que se temia. Até à hora do fecho desta edição, não havia notícias de vítimas mortais. No entanto, mais de um milhão de pessoas estavam sem electricidade e os danos materiais já eram estimados em milhares de milhões de dólares.O Rita atingiu terra firme às 3h30 (8h30 em Lisboa), com ventos máximos de 192 km/h. Com esta intensidade, estava classificado como furacão de categoria 3, na escala de Saffir-Simpson, que vai de um a cinco. Aos poucos, o ciclone foi perdendo força e às 11h00 estava já tinha baixado para categoria 1, com ventos de 120 km/h.
Depois de a sua trajectória ter inflectido para Leste, o furacão atingiu em cheio a cidade de Lake Charles, no estado da Luisiana, junto à fronteira com o Texas, cujos 72 mil habitantes já tinham sido retirados do local. Os fortes ventos e chuvas danificaram estradas, pontes e até o aeroporto desta cidade - onde coabitam refinarias de petróleo e casinos.
A rota do ciclone acabou por poupar as cidades de Houston e Galveston, no Texas, que inicialmente pareciam destinadas a arcar com o pior. Ambas ficaram praticamente desertas, depois de uma fuga em massa dos seus moradores, nos dias anteriores. Entre dois a três milhões de pessoas terão deixado previamente as zonas de maior risco ao longo de 500 quilómetros da costa do Texas e da Luisiana, numa das maiores operações de evacuação dos Estados Unidos.
Ainda assim, não se repetiram as cenas de há três semanas em Nova Orleães, onde houve pilhagens generalizadas depois da passagem do furacão Katrina. Em Houston, até ontem à tarde, estavam contabilizados apenas "incidentes isolados", segundo o mayor Bill White. "Podem estar seguros de que as suas propriedades estão a ser vigiadas", disse White, numa conferência de imprensa.
Em Beaumont, uma cidade portuária de 114.000 habitantes, os ventos quebraram janelas, arrancaram telhados, torceram sinais de trânsito e derrubaram árvores. Mas não houve grandes inundações.

Bush satisfeito com respostaMuitas pessoas queriam já voltar ontem mesmo para as suas casas. Em Galveston, havia filas de carros à espera de reentrar na cidade ontem. Mas as autoridades estavam a impedir o retorno, a não ser para trabalhadores de serviços essenciais. A cidade sofreu danos em vários edifícios e alguns estabelecimentos comerciais foram destruídos por um incêndio. Mas o principal problema era a falta de energia eléctrica em 75 por cento da cidade.
No total, cerca de 925 mil pessoas no Texas e 300 mil na Luisiana ficaram sem electricidade. Além disso, mesmo depois de o furacão ter passado, permanecia o risco de inundações, dado que se previa a continuação das fortes chuvas.
Em Houston, o mayor Bill White também advertiu os habitantes a regressarem apenas quando informados para o fazer. O próprio Presidente George W. Bush alertou: "É importante ouvir as autoridades locais sobre se é ou não seguro regressar para as suas casas. Ainda vai levar algum tempo para se compreender totalmente o impacto [do furacão]."
Bush acompanhou a evolução do Rita a 1600 quilómetros de distância, numa base militar nas Montanhas Rochosas, no Colorado. O Presidente foi informado pelo director do Centro de Operações do Comando do Norte, Brad Johansson, que 17.000 militares activos e 36.700 membros da Guarda Nacional já estavam de prontidão no terreno.
"Fico reconfortado por saber que o Governo federal está bem organizado e bem preparado para lidar com o Rita", disse Bush, que foi criticado pela lenta reacção da administração central no caso do furacão Katrina, que provocou a morte de mais de mil pessoas.
De acordo com o grupo de previsão de riscos AIR Worldwide, os estragos causados pelo Rita deverão custar entre 2,5 a cinco mil milhões de dólares às seguradoras - bem menos do que os prejuízos do Katrina.

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