Produtores de gado de Estarreja contra exclusão "ilegal" de veterinário

Um grupo de produtores de gado de Estarreja acusa a entidade responsável pelo saneamento animal do concelho de vetar ilegalmente o nome do veterinário que presta serviço nas suas explorações. Na origem da situação, que provocou ainda a retirada da lista de sanidade de cerca de 400 animais, estará, segundo o clínico afastado, um desentendimento com um dirigente do Agrupamento de Defesa Sanitária (ADS) local.De acordo com Darlindo Nogueira, um dos produtores contestatários, a direcção do ADS está a actuar contra a lei que faculta aos produtores a escolha do médico-veterinário responsável pela sanidade animal nas suas explorações. O grupo de produtores, a que correspondem centenas de cabeças de gado, acusa ainda o ADS de, arbitrariamente, e sem os consultar, ter retirado os seus animais das listas de sanidade.
Numa carta assinada por Aleixo Patinha, responsável pela Cooperativa de Estarreja e da direcção do ADS, foi comunicado aos produtores que, para voltarem a integrar as listas e o respectivo programa sanitário, será necessário que sejam as profissionais do ADS a realizar as acções veterinárias no seu efectivo, "ou qualquer outro médico-veterinário da escolha do produtor que não o dr. Alexandre Chambel".
Alexandre Chambel é o veterinário municipal de Estarreja e, como tal, a autoridade sanitária veterinária concelhia, cabendo-lhe, por lei, "participar nas campanhas de saneamento e profilaxia do respectivo município".
A posição da direcção do ADS de Estarreja é também criticada pelo presidente do Sindicato dos Veterinários, Edmundo Pires, que, anteontem, se deslocou a Salreu, Estarreja, para manifestar a sua solidariedade com o colega, que considera estar a ser vítima de discriminação. O presidente do sindicato critica ainda a exclusão de centenas de cabeças de gado das listas do programa de sanidade, por "subverterem as estatísticas". "Esse gado passou "à clandestinidade", o que pode levar, por exemplo, a ser considerado que uma doença está erradicada, sem contabilizar esses animais", explicou.
Aleixo Patinha, em declarações à Lusa, confirmou que cerca de 400 cabeças de gado de sete produtores foram excluídas das listas e que o ADS que dirige excluiu Alexandre Chambel das acções sanitárias a realizar, justificando que existe um contencioso judicial com aquele veterinário. "Existe uma acção judicial em curso, cujos pormenores estão em segredo de justiça. Enquanto o contencioso não for resolvido judicialmente, entendemos que não devemos fazer protocolo com esse médico-veterinário", sentenciou. Confrontado com a situação, Alexandre Chambel afirma que o processo judicial foi levantado por si contra o seu afastamento pelo ADS e que a justiça já lhe deu razão, tendo a entidade reguladora perdido os sucessivos recursos.

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