O mais velho dos três filhos do jornalista Roberto Marinho, Roberto Irineu Marinho, vai suceder ao pai, falecido esta semana, na presidência do Conselho de Gestão das Organizações Globo.

O anúncio foi feito em comunicado, assinado pelos filhos de Roberto Marinho e publicado hoje no jornal "O Globo". O patrão da Globo morreu esta quarta-feira, aos 98 anos de idade, vítima de complicações de um edema pulmonar.

Os três descendentes do visionário que construiu no Brasil um dos maiores impérios mundiais da comunicação comprometeram-se em "ampliar a obra de Roberto Marinho, voltada para informar, entreter e educar a população brasileira".

"Assim o fazemos pela importância em si desse objectivo para toda a nossa sociedade, mas também porque, dessa forma, manteremos viva a sua presença", realçam.

Os três filhos — Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto — já faziam parte do Conselho de Gestão das Organizações Globo desde 1998. Agora, Roberto Irineu passa a desempenhar o cargo de presidente do Conselho de Gestão, enquanto João Roberto continuará a ocupar a vice-presidência de Relações Institucionais, presidindo ao Conselho Editorial das Organizações Globo.

Por seu lado, José Roberto, como vice-presidente de Responsabilidade Social, continuará a liderar projectos de acção comunitária e da Fundação Roberto Marinho, criada em 1977, que é uma das instituições mais respeitadas no Brasil, destinada à promoção da cultura e da educação no país.

Roberto Marinho, uma das figuras mais populares e influentes do Brasil, faleceu quarta-feira à noite após ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde tinha sido internado horas antes, na sequência de um edema pulmonar provocado por uma trombose.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o país perdeu "um homem que passou a vida acreditando no Brasil" e decretou luto oficial de três dias em memória do "patrão" da Globo.

A última aparição pública de Roberto Marinho ocorreu há duas semanas, quando assistiu a uma missa de comemoração dos 78 anos de fundação do jornal carioca "O Globo", que deu início àquele que é hoje o maior grupo de comunicações do Brasil e um dos maiores do mundo, com uma facturação anual de cinco mil milhões de euros.

Natural do Rio de Janeiro, Roberto Marinho iniciou a sua carreira aos 21 anos, em 1925, após a morte do pai, o jornalista Irineu Marinho, que 21 dias antes fundara o jornal "O Globo".

Em 1944, com a fundação da Rádio Globo, começou a formar o grupo de órgãos de comunicação social, mais tarde denominado Organizações Globo.

Em 1957, Roberto Marinho ganhou a primeira concessão de televisão no Rio de Janeiro e, oito anos mais tarde, em Abril de 1965, inaugurou a TV Globo, actualmente a mais importante rede de televisão da América Latina e uma das cinco principais do mundo.