Terroristas detidos em Viseu são procurados por atentado à bomba

Os três indivíduos, naturais da ilha francesa da Córsega, detidos na sequência de um assalto a uma agência do Banco Santander, em Viseu, eram procurados internacionalmente por autoria de ataques terroristas. Os três indivíduos, capturados anteontem depois de uma conturbada perseguição policial, pertencem à Frente de Libertação Nacional da Córsega (FNLC) e são ainda responsáveis pelos assaltos que segunda feira ocorreram em duas dependências bancárias em Viseu e Coimbra. Fontes ligadas ao processo garantem que os três indivíduos "são procurados por polícias internacionais devido à autoria de um atentado à bomba". Ontem, debaixo de uma forte vigilância policial, um dos três corsos foi ouvido no Tribunal de Viseu. sendo que os outros dois foram interrogados no Hospital de São Teotónio, dado que ainda estão internados devido aos ferimentos provocados pela troca de tiros com a policia. Aparentemente, segundo várias versões, o trio não actuava sozinho na região centro. De acordo com essa hipótese, "um ou dois" membros da FLNC ainda se encontrarão na zona, uma vez que funcionavam como "elementos de retaguarda". No entanto, esta versão é desmentida pela directoria de Coimbra da Polícia Judiciária.Certo é que Viseu era ontem uma cidade sitiada. A vigiar o Hospital de Viseu, fundamentalmente no conturbado período das visitas, estavam várias agentes e elementos do corpo de intervenção. Um número que Simões de Almeida, comandante da policia de Viseu, não quis especificar. As imediações do tribunal, e "outros locais da cidade", foram também patrulhados por efectivos da Equipas de Inactivação de Explosivos e Segurança em Subsolo (CIEXSS). Depois da audição dos três assaltantes pela juíza do Tribunal de Instrução Criminal não foi conhecida até ao fecho desta edição a medida de coacção aplicada. No entanto, num caso destes - que envolveu assalto à mão armada, disparos, perseguição policial e sequestro - a prisão preventiva é uma certeza. Seguem-se agora a fase de inquérito do processo e as investigações da PJ, mas é já um dado adquirido que os alegados terroristas terão de ser julgados em Portugal. A legislação portuguesa não permite a extradição de cidadãos para países cujo quadro legal admita a pena de morte ou a prisão perpétua. Como em França vigora a prisão perpétua, os três corsos terão de ser julgados por uma tribunal português. É a opinião unânime dos juristas ouvidos pelo PÚBLICO. Ainda que alguns dos crimes de que são acusados - atentado à bomba, por exemplo - tenham ocorrido noutros países, os delitos são considerados universais e o julgamento efectua-se do país onde foram detidos. Metralhadora encravou Antes do momento da detenção, os três indivíduos , considerados por uma fonte policial como sendo "altamente perigosos e treinados para uma situação de captura", ainda tentaram resistir. Um deles chegou mesmo a tentar abater um policia. Com a metralhadora, de marca UZI, a "uma distância muito curta" do peito de um agente, carregou no gatilho mas a arma de fogo encravou. Foi esse o momento que determinou a detenção. Antes, os corsos fizeram explodir os dois automóveis em que fugiram com "cocktails molotov". "São profissionais muito bem preparados, nunca vi nada assim", conta um agente da PSP que participou na perseguição. Com os assaltantes, e nos destroços que deixaram para trás, a PSP e a GNR apreenderam cerca de 32 mil euros, óculos escuros, coldres, coletes à prova de bala, 15 carregadores, e cabeleiras grisalhas. A quantia descoberta adensa as duvidas quanto à constituição do grupo. Na posse dos três indivíduos estavam apenas 32 mil euros, quando, só no assalto ocorrido na segunda-feira, também na agência do Banco Nacional de Crédito Imobiliário, foram roubados 50 mil. Leg: Um dos três corsos detidos foi ouvido ontem no Tribunal de Viseu

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