"A literatura deve falar sobre o que nos é muito escuro"

Em menos de um ano, Gonçalo M. Tavares publicou quatro livros, entre poesia, ensaio, teatro e prosa, distinguidos pela crítica, e anuncia mais dois para breve. Entrevista a propósito do seu mais recente volume, "Investigações. Novalis" (Prémio Revelação do IPLB/APE), alargada ao processo poético do autor - uma investigação de como a linguagem pode quantificar o invisível e descobrir, dizendo, território novo.

Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970 e é Professor de Epistemologia na Faculdade de Motricidade Humana. Revelou-se com "O Livro da Dança" (Assírio & Alvim, Dezembro de 2001), logo seguido por "O Senhor Valéry" (2002, Prémio Branquinho da Fonseca de Literatura Infanto-Juvenil, editado pela Caminho), "O Homem ou É Tonto ou É Mulher" (Campo das Letras, 2002), e "Investigações. Novalis" (2002, Difel/ APE/IPLB, Prémio de Revelação 2001). Um ritmo de publicação impressionante para uma escrita perturbadora. Para 2002 espera-se ainda "Livro de Anatomia", na Assírio & Alvim. E há um ensaio pronto para publicação, "Sobre a Poesia".Mil Folhas - Está expressa, e parece-me, vincadamente, desde os títulos dos seus livros (Livro de...), na numeração que os organiza ("Cadernos de Gonçalo M. Tavares"), bem como na ideia de "Caderno", uma ideia de anotação, mas para escrever para dentro, uma inscrição. Pode ser?Gonçalo M. Tavares - Gosto da ideia de heterónimos de escrita, o meu projecto passa por fazer uma espécie de heterónimos editoriais. Os "Cadernos", numerados... Eu sou um leitor completamente desorganizado - tenho abertos 200 livros, leio três, quatro páginas de cada um, e passo para outro. Ou às vezes sigo um e fico.Tenho por isso uma necessidade de ordem e esta está muito ligada à numeração, à contagem. Tenho a sensação de que o número dá ordem ao caos; funciona para mim quase como uma forma de auto-controle, uma tensão numérica, uma forma externa de calma e ordem. Sinto também que para além de números exteriores há números interiores, e que estes podemos controlar. A ideia de numerar os meus livros está provavelmente associada a uma luta entre o interior e o exterior - e a nossa sociedade desvaloriza, claramente, o mundo da cabeça. No meu caso, estive muitos anos a escrever, sem mostrar, sem publicar, cumprindo-me apenas na minha cabeça, sem a necessidade do exterior; o interior parece-me ter um percurso autónomo e pode vencer ou perder com o exterior. Para mim a literatura é muito orgânica, animal - por exemplo, se não escrevo, uma manhã que seja, fico irritadíssimo. Fico com o mesmo tipo de irritação que existe quando alteramos horários do organismo, quando temos fome e ainda não comemos. A escrita não tem nada a ver com o exterior, é orgânica. Parece-me, de resto, que daqui a alguns anos se perceberá melhor a linha geral do que quero fazer, porque vão surgir coisas muito diferentes; e essa numeração dos cadernos é uma luta contra essa desordem, e contra a aparente não-ligação também entre os livros: se não surgissem os "Cadernos de Gonçalo M. Tavares", quem diria que "O Livro da Dança" ou "O Senhor Valéry" seriam da mesma pessoa? Os cadernos estão numerados por ordem de saída, apenas. Os cadernos são um conjunto de pontos, cada livro tem um sentido autónomo, mas é um ponto. Daqui a alguns anos o leitor poderá desenhar linhas sobre esses pontos. Cada leitor: um desenho. Como aqueles jogos de unir pontos que fazíamos na infância. Cada livro ou caderno é agora um ponto, mas é também uma inscrição futura, para um plano geral. E os textos são organismos vivos - ideia que é muito do agrado de Gabriela Llansol -, são concentrados de energia, os livros. Entidades autónomas, sim, mas também percursos de energia. Há dias em que tenho essa energia, e que tento dirigi-la para um objecto. E escrever é isto.Mundo interior forte, muito pessoal, com uma projecção pessoal lenta, árdua, rigorosa. Isso é um processo de pensamento, modus vivendi?Escrever faz parte de um processo geral: não estou à espera, por exemplo, que haja uma imposição do exterior para nada. Agrada-me a ideia que Italo Calvino refere - a de que qualquer livro de burocracia, qualquer coisa, por mais inútil ou aparentemente desinteressante possa ser pretexto para escrevermos literatura. Neste momento, por exemplo, ou seja, nestes dias, dedico-me a escrever qualquer coisa sobre ferramentas (a chave de parafusos, o torno...), apesar de ser completamente inábil a usá-las na prática. O que interessa na literatura é a linguagem, e pensar; o objecto sobre o qual a linguagem e o pensamento passam é perfeitamente secundário. Porque sinto que há um qualquer tipo de energia, quase de ordem invisível (apesar de eu ser bastante fisiologicamente mental, isto é: gosto de ligar a mística ao CO2 ou à concentração de oxigénio, por exemplo), mas a verdade é que vou olhando para os objectos e há coisas de que ignoro em absoluto o modo de funcionamento e isso é o Novo, e é isso que me interessa. No âmbito da Bolsa de Criação Literária que tive, fixei-me num tratado de anatomia e analisei o mundo anatómico de um ponto de vista literário. Tudo pode ser pretexto para a literatura, e para um escritor nada é pretexto para não se escrever. É isto, parece-me.Nova ordem de pensamento, livros que explicam o mundo e o texto, são poemas e poéticas, decifram e decifram-se. O fechamento de que fala, que se auto-explica, está talvez ligado à ideia do texto-organismo. Porque a formação do próprio texto em mim é também orgânica. Não me vejo a escrever o mesmo livro durante anos. Os livros são organismos, que têm início e final, e têm ainda energia própria e individual. Energia não reproduzível. Um livro termina quando percebo que a minha energia de investigação se dirige para outro objecto. Nas "Investigações. Novalis" há uma ideia que se desenvolve, e uma ideia que se desenvolve é um organismo que se desenvolve. A ideia começa e termina o livro, que é a ideia "do mais desaparecido", ideia de que gosto muito. Que é aliás uma ideia cristã, da redenção do minúsculo...Sim, é a ideia de quantificar o invisível. Porque é fácil quantificar o visível. Se eu quiser cortar, por exemplo, uma mesa, posso dividi-la em dois, e aí estou a subtrair ou a dividir. Posso também aumentar ligeiramente, duplicar.Mas uma mesa não é invisível e o invisível não é uma mesa. E quanto ao invisível a tarefa de quantificar é mais difícil. E por isso desistimos facilmente do invisível, porque não temos fita métrica para medir o invisível, nem inventámos instrumentos para contabilizar o invisível. Para o invisível só temos o "não". É evidente que isto surge um pouco em oposição à famosa frase de Wittgenstein, que é para mim um senhor com um imenso sentido de humor, humor do mais subtil. Mais subtil que o humor do senhor Valéry. Eu aliás tenho uma brincadeira com as minhas filhas [risos] que tem a ver com isto, e que começa com uma cantiga, que eu ou a mãe cantamos: "Se falhares, tens um castigo, diz: Ludwig Wittgenstein." Cantávamos isto, e a mais velha, que agora tem três anos, como, claro, não dizia bem o nome Wittgenstein, era castigada através de cócegas. Este tipo de jogo é mais ou menos wittgensteiniano-lisboeta. As minhas filhas agora quando ouvem a palavra Wittgenstein começam logo a contorcer-se todas e a rir-se. Têm três anos e dois anos. Mas o que eu estava a dizer é que a literatura e a poesia, ao contrário do famoso conselho do filósofo, deve falar sobre o que nos é muito escuro. Devemos pelo menos brincar com os nomes, atirá-los contra aquilo que nos parece ser Nada ou coisa nenhuma. Ou seja: é preciso levar a fita métrica para o invisível. É este o programa do "mais, e do menos desaparecido" que é a base do meu livro "Investigações. Novalis". Temos de nos obrigar a quantificar o desaparecido e o invisível. Sabendo que somos cegos temos de nos obrigar a colocar quantidades às cores, entrando noutro nível, com outros instrumentos. Ou até com os mesmos instrumentos... Neste caso o instrumento - a fita métrica - é a palavra, instrumento comum, que até as crianças a partir dos dois anos utilizam. Mas é esse instrumento comum - a palavra - a cair sobre algo não-comum. Ou a própria queda, o próprio modo de cair é que pode ser não-comum. Uma queda rara. Sempre me pareceu, aliás, que o tipo de toques entre duas coisas ou de choques que melhor resultam são entre o comum e o não-comum. Se tocamos o raro com o raro, ou com o ilógico, obtemos algo que pode não ter qualquer contacto com a realidade. Muita produção literária à volta do importante movimento surrealista, por exemplo, não é muito clara por isto mesmo. É um paradoxo sobre outro. Afasta demais o leitor de quem escreve. O livro que editei na Caminho, "O Senhor Valéry", é um pouco a tentativa de associações não usuais, entre a regra do terceiro excluído e a chuva, por exemplo. Acredito, de resto, mais na existência de ligações raras do que na existência de coisas raras. As coisas raras não existem nas palavras. A raridade pode existir no modo como as palavras tocam umas nas outras para não cair. É diferente.Isso é uma nova arte poética. Não usar palavras para tactear, mas processos para medir e conhecer, através de palavras (fórmulas, mantras, poesia em estado de conhecimento). O que me parece uma marca de experimentalismo, ou de pós-experimentalismo: usar todas as artes para chegar mais longe ao fim do texto, ao progresso-processo geral de dicção.Eu não me entusiasmo por nenhuma corrente em particular. A palavra "experimentalismo", por exemplo não me entusiasma... Gosto da palavra experiência, mas não me identifico com o "ismo", claro. Há um verso do o'Neill que diz mais ou menos isto: "já dizia a minha avó que as experiências se fazem em casa". Um dos conselhos que Jung deixou é que se deve ler tudo, mas depois deve-se esquecer, e fazer. Quero ver todo o possível, quero ler todo o possível, mas depois quero esquecer para escrever. Se todos os livros que li existissem na cabeça no momento em que escrevo ficaria paralizado. E nunca em momento algum há ideia de fazer em determinado tom. Vejo tanto "O Livro da Dança" como o "Investigações. Novalis" como organismos, neles não há poemas individuais. São poemas sem título, sem o nome que os personalizaria. São organismos, e não se pode tirar parte de um corpo, não posso tirar um órgão, a não ser em casos extremos. Nestes livros existe mais a ideia de percurso que vai mantendo as pegadas. Tenho a ideia de começar um texto que termine num poema, poema que permita apagar todo o trajecto anterior. É que gosto muito da ideia de percurso. E que versos são esses, para si? Há muitos. Por exemplo: o final do romance "Perto do Coração Selvagem" de Clarice Lispector, que não é um verso, mas uma frase: "de qualquer luta ou descanso, me levantarei forte e bela como um cavalo novo". Esta frase: com "luta" e "descanso" tem tudo, todo o conflito (vida/ morte, repouso/ guerra...) e tem a solução, se existe solução: é levantarmo-nos fortes e belos como um cavalo novo, depois de qualquer coisa que suceda ou não suceda (como por exemplo o tédio: que é uma coisa que sucede e não sucede ao mesmo tempo). Esta frase escrita da Clarice Lispector, por exemplo, escrita num papel, metida no fundo do bolso, pode acompanhar-nos perfeitamente pela vida fora, até sermos velhinhos. São frases destas que não ganham uma ruga. E que são brutalmente mais contemporâneas que o jornal de hoje. E a boa literatura é isto: algo que nos acompanha a vida toda, que pode estar sempre no fundo dos nossos bolsos, e a cada vez ser útil. Mas não útil como uma máquina, útil sim como uma surpresa boa. Uma máquina não surpreende. Se surpreender é uma máquina imbecil. Será despedida.A verdade é que a literatura deve responder à literatura e à vida, mas se não tiveres vida anterior nem literatura anterior vais responder com quê? A resposta é: com má literatura.Os seus versos irrompem como máximas, que por vezes parecem instruções de livros de meditação ou de orientação espiritual, quase como os "Exercícios Espirituais", de Santo Inácio. De conhecimento espiritual, concretamente... Deus é uma investigação?A disciplina monástica atrai-me... A simplificação e normalização dos horários, parecendo que não, dá grande liberdade mental. Arrumamos um problema. Li muitos textos religiosos. Por vezes falam de Caeiro em alguns versos meus, quando Caeiro é budismo. Há dois mil anos os budistas já diziam algo semelhante ao: "uma rosa é uma rosa é uma rosa" de Stein. Mas os textos religiosos não os leio como acto de devoção. Li a "Imitação de Cristo" e li o "Anti-Cristo". Não falo directamente sobre isso, mas talvez as minhas várias investigações não venham a ser mais do que uma única: "Investigações. Deus". Este Deus como coisa violenta, não explicável e por isso violenta. Vou pouco a rituais, mas quando vou, surgem sempre frases, que poderiam ser perfeitamente irrelevantes, segundo um ponto de vista de leitor, irrelevantes quanto à beleza ou à força literárias, irrelevantes a nível de som ou ideia, frases que não parecem tocar nada de profundo, mas que, afinal, tocam. Não apenas tocam, fazem demolições. Como uma por exemplo que ouvi há dias, num baptizado, só isto: "Mudar com Cristo". Mexeu comigo muito profundamente, como a frase de Clarice Lispector. Mas em Clarice é explicável: há a literatura, consigo identificar na frase a força da literatura, e nesta outra - Mudar com Cristo - que força há? É esta força que não percebo. É violenta demais. Mas o que sei é que chorei com esta frase. "Mudar com Cristo". E com a literatura é raro chorar.Há leitores dos seus livros de poesia que não acham que o que faz seja poesia. Qual é para ti a pertinência desta afirmação?Estar no centro do claro ou no centro do escuro é desinteressante; e cega ou faz ver sempre o mesmo, o que é um outro tipo de cegueira. Eu gosto dos intermédios, das intromissões, dos passeios pela fronteira entre uma coisa e outra. Mas gosto não conscientemente; não penso antes de escrever que vou fazer uma coisa entre o ensaio e o poema, por exemplo. E antes de mais, acho que não sou totalmente responsável pelas coisas que digo ou escrevo, quanto mais pelo que dizem os outros... Bom, mas a história das artes, desde o teatro à pintura, teve sempre momentos em que se disse, sobre determinada obra: "Isto não é arte", ou "isto não é teatro", ou: "isto não é pintura". E talvez nem seja por acaso que o que de mais interessante se fez passou por este estado de estranheza inicial. Dizerem: isto é estranho, é um excelente prenúncio. A primeira face do novo, o seu lado da frente, é a estranheza. Não me comparando, é claro, julgo que se deve tentar mexer nas caixas instaladas, nas caixas de categorias, conceitos, etc. O meu interesse não é pôr coisas - neste caso, livros - em gavetas que já existem e estão em parte preenchidas. Agrada-me que os meus livros possam não caber em nenhuma gaveta - interessa-me que o leitor decida e, em última análise, que o leitor crie uma nova gaveta. Que faça papel de marceneiro, cortando a madeira à sua medida e, ao mesmo tempo, à medida do livro. Claro que falo aqui de medidas mentais, que são também bastante interessantes, apesar de não tanto como as outras. É criar novos lugares, julgo que isso é o interessante. O livro "O Senhor Valéry", por exemplo, vive dessa confusão: é infantil, não é? Parece que sim, mas afinal não é. Ou será que? O livro "O Homem ou É Tonto ou É Mulher", que é um breve divertimento que publiquei no Campo das letras, já foi colocado em poesia, teatro e ficção. Isso irrita-me e agrada-me ao mesmo tempo. Agrada-me mais do que me irrita. Parece-me em definitivo que uma das funções da literatura, da poesia, da arte, é pôr em causa as categorias. Nestes anos sairão novos livros meus que espero que sejam também dificilmente classificáveis. E espero que bons, claro.O Novalis que investiga, diz: "Somos nada e o que procuramos é tudo". Vamos pensar que no final da vida lhe perguntavam quem tinha sido, para além da obra. Peço-lhe, então, três factos relevantes da sua biografia - três traços suficientes, gerais, directos, essenciais.Essa pergunta parte do princípio que tais factos possam ser partilháveis por palavras, o que não me parece. Mas eu diria, factos relevantes: o sofrimento e a lucidez: um, dois. Passar pelo sofrimento e dele - do sofrimento - trazer lucidez. Porque a ingenuidade é algo que eu admiro e que não consigo exercer: essa coisa de estar todo no que se faz. Quando o discípulo pergunta ao mestre budista: "mas afinal qual é a tua filosofia?" E o mestre responde que a filosofia dele é comer quando está a comer, cavar quando está a cavar e dormir quando está a dormir. A lucidez é inimiga da ingenuidade, mas claramente o que eu procuro é através da lucidez recuperar a ingenuidade natural que algumas pessoas que eu admiro têm. Mas é difícil. E há uma parte na lucidez que é quase trágica. É por exemplo, perceber esta coisa simples: que a expressão "vamos pensar juntos" é impossível - porque o acto de pensar é pessoal e intransmissível, é não partilhável. Partilhas as palavras, não os pensamentos, isso é fisiologicamente impossível. A sensação amorosa de que dois são um é interessante e entusiasma os dias, mas é apenas uma ideia. Há uma tragédia na solidão de todos os animais, que nem um filósofo pode apagar. Paul Valéry dizia que a evolução do Homem, relativamente aos outros animais, não se devia ao facto de ele ter o polegar oponível, mas sim de ter a alma oponível, ou se quisermos uma consciência que pode olhar para si própria. E isto dá, por exemplo, a possibilidade de nos corrigirmos, mas dá também a tragédia. Há uma separação entre todas as coisas, até entre coisas a que chamamos Eu, e a qualquer escala tudo é separável. Para mim, a outra fase da lucidez pessoal, a lucidez segunda, foi olhar para a tal alma oponível. Assusta ver que afinal eu não sou um. Sou um outro, e um outro, e ainda outro. Eu sou uma coisa que pode ser partida. E esta sensação não é muito agradável. O terceiro facto a destacar, além do sofrimento e da lucidez, talvez seja o momento em que me apercebi do método de investigação - ou seja de vida - que estava de acordo com o meu metatarso e com a minha metafísica. Por enquanto encontrei-o, a esse método. Mas, por enquanto, também, estou em situação de o perder. E estar vivo é isto: perceber que método é o mais apropriado para vivermos, o que é uma outra maneira de perceber qual é o melhor percurso até à morte. Que percurso queres seguir até à tua morte privada? É a resposta a isto que um método individual de vida dá. Temporariamente, claro. Mas é mesmo assim.

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