Polícia Judiciária captura italiano foragido

A Polícia Judiciária conseguiu capturar ontem Antoni Quinzi, um cidadão italiano que se evadiu do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada (EPPD) há quinze dias atrás. Quinzi tinha sido detido pela Polícia Judiciária por se suspeitar que transportasse a bordo do seu iate uma quantidade ainda por apurar de cocaína. A embarcação do italiano teve problemas no leme próximo da ilha de Santa Maria o que o obrigou a dirigir-se para a marina de Ponta Delgada - antes de o fazer Quinzi terá tentado esconder a cocaína que transportava na costa norte da ilha de S. Miguel, levantando então as suspeitas das autoridades policiais. Da droga que o cidadão transportava só foram recuperados quatrocentos quilos estando o resto a circular sem controlo pelos toxicodependentes a preços irrisórios.A operação desencadeada ontem de manhã pela Polícia Judiciária levou à detenção do italiano, apurou o PÚBLICO junto de uma fonte policial, "numa barraca abandonada em Achada" (concelho do Nordeste) a cerca de 60 quilómetros de Ponta Delgada. Terá sido o culminar, explicou a mesma fonte, de uma "vasta operação" que tem estado a decorrer "no sentido. Não só de prender o cidadão italiano, mas também de tentar recuperar boa parte da droga transportada no iate e que se encontra a circular na ilha". Durante o fim de semana foram detidos quatro indivíduos também acusados de tráfico de droga e recuperadas quase sete mil doses de cocaína e haxixe assim como três mil doses de heroína. Além de Antoni Quinzi foi detido mais um cidadão, cuja prisão e nacionalidade não foi divulgada pela Polícia Judiciária, suspeito de colaborar com o italiano durante a sua fuga do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada. O indivíduo, adiantou ainda a fonte policial, "está relacionado com o italiano e é também acusado do crime de tráfico de estupefacientes". Antoni Quinzi será presente hoje ao Tribunal de Ponta Delgada, para ser ouvido por causa do crime de evasão - o italiano encontrava-se já em prisão preventiva por penderem sobre si vários mandatos de captura internacionais - encontrando-se detido novamente no EPPD. Ninguém sabe qual a quantidade de cocaína que terá escapado ao controlo da Polícia Judiciária durante a operação de detenção do cidadão italiano. Segundo apurou o PÚBLICO o iate onde Quinzi viajava tinha capacidade para transportar cerca de mil quilos de estupefacientes. Ora foram recuperados apenas quatrocentos quilos e vários testemunhos de pessoas que acorrem às urgências do Hospital de Ponta Delgada, com sinais de consumo excessivo de cocaína, têm referenciado a existência de "várias" centenas de quilos em circulação na ilha. Até ao momento registaram-se duas mortes de jovens que consumiram cocaína excessivamente - a droga está a ser vendida com um grau de pureza que se aproxima dos cem por cento - e mais de uma dezena de pessoas foi mesmo forçada a ficar internada. Também na Casa de Saúde de S. Miguel, a única instituição da ilha para tratamento de casos de toxicodependência, tem registado um número anormal de internamentos. Por exemplo, relatou recentemente à Antena 1 Suzete Frias, psicóloga responsável pelo acompanhamento destes casos, há mesmo casos em que foram os jovens "a pedir para serem internados com medo do excesso de cocaína existente no mercado". Um dos maiores problemas, apurou o PÚBLICO junto de uma fonte hospitalar, tem acontecido com o consumo em excesso de cocaína e heroína em simultâneo. É devido a este tipo de mistura que se têm registado os casos mais graves nas urgências do Hospital de Ponta Delgada.As versões apresentadas pelos jovens sujeitos a internamento são comuns: há quem esteja a vender droga ao copo, a pouco mais de cinco mil escudos a grama ou até por troca com outros produtos. Os locais de venda espalham-se por zonas tão diferentes da ilha como Ribeira Grande, Calhetas, Rabo de Peixe e Capelas, todas na costa norte da ilha, Vila Franca do Campo, Lagoa e Ponta Delgada, na costa sul.

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