População queixa-se de falta de informação

Os moradores da freguesia de São Brás, concelho da Amadora, queixam-se de falta de informação sobre a construção e funcionamento de uma central de tratamento de lixo na zona e, de uma forma geral, estão contra a sua instalação. Este sentimento é descrito num estudo de impacte ambiental psicossocial realizado recentemente.

A população da freguesia de São Brás, com particular destaque para o Bairro dos Moinhos da Funcheira e Casal de Mira, considera escassa a informação em relação à instalação de uma central de tratamento de lixo. Um estudo de impacte psicossocial encomendado pela empresa encarregue da gestão da central ao Centro de Investigação e Intervenção Social do Instituto Superior Ciências do Trabalho e da Empresa confirma as preocupações dos moradores."Apenas sabemos que querem instalar na freguesia uma central de tratamento de lixo", afirmou ao PÚBLICO Manuel Pereira, residente nos Moinhos da Funcheira. Esta posição é acompanhada pela Comissão de Moradores do Bairro dos Moinhos da Funcheira, que já anunciou publicamente que não concorda com a instalação da central no bairro.Entre as razões de indignação dos residentes está o facto de, há pouco tempo, ter sido selada a lixeira da Boba, na freguesia de São Brás. "Fecham uma lixeira para a seguir construírem uma estação de tratamento de lixo", refere Ricardo Antunes, morador em Carenque. Por outro lado, os moradores queixam-se de tanto a junta de freguesia como a câmara não prestarem esclarecimentos sobre o funcionamento da central.A população quer ser informada sobre as vantagens e inconvenientes da instalação daquele equipamento perto das suas casas. De um modo geral, os moradores contactados pelo PÚBLICO afirmam que tiveram conhecimento da instalação da Central pela imprensa e, mais recentemente, pelos técnicos do Centro de Investigação e Intervenção Social do Instituto Superior Ciências do Trabalho e da Empresa, que participaram na realização de um estudo de impacte psicossocial encomendado pela empresa encarregue da gestão da central.De acordo com o referido estudo, da autoria da Hidroprojecto, a que o PÚBLICO teve acesso, a população residente nas áreas que envolvem a zona projectada para a central está pouco informada sobre o projecto, que não foi divulgado, sendo a informação que existe "maioritariamente incorrecta". O mesmo documento refere ainda que a " zona de implementação da central abrange uma série de localidades com grandes carências em termos de serviços (transportes, assistência médica, por exemplo) e infra-estruturas (pavimentação e iluminação das ruas), com um crescimento recente".Ao nível do impacte ambiental, o estudo sublinha que a zona já sofre de "alguns incómodos ambientais importantes, como as poeiras (Moinhos da Funcheira, A-da-Beja e Casal de Mira), os fumos e cheiros (A-da-Beja e Casal do Pelão) e o ruído nocturno (Moinhos da Funcheira)" - ruído que é em grande parte provocado pelo funcionamento das turbinas da subestação da EDP do Alto de Mira.Ao nível psicossocial, aquele trabalho de investigação afirma que a "atitude da população face à central é negativa, associada a sentimentos de ameaça causada por fortes expectativas de poluição e de doenças e de aumento de incomodidades ambientais (ruídos e cheiros)". "Esta posição é particularmente acentuada em Moinhos da Funcheira, a zona mais próxima da área prevista para a implantação da central", acrescenta o estudo.O estudo de impacte indica ainda quais serão os impactes psicossociológicos durante as diferentes fases da obra. Haverá contestação da obra antes do seu início por parte dos habitantes dos Moinhos da Funcheira e de A-da-Beja, localidades onde simultaneamente "há maior informação sobre a construção da central e maior mobilização contra a obra". A esta contestação pode ser associada a divulgação de um sentimento de ameaça face ao funcionamento da central, que será negativo para a tranquilidade dos residentes na zona", refere o trabalho de investigação. Durante o período de construção, haverá "diminuição da qualidade de vida nos Moinhos da Funcheira, devido ao aumento da exposição a algumas fontes de incomodidade ambiental já particularmente acentuadas e à introdução de outras".Ao nível psicossocial, o documento conclui que quando a central entrar em funcionamento haverá diminuição da qualidade de vida dos residentes, devido ao aumento de incómodos ambientais (ruído de tráfego e odores). Este impacto será particularmente sensível em Moinhos da Funcheira, mas também em A-da-Beja, Casal do Pelão e Casal de Mira se houver libertação de odores.Por fim, o estudo recomenda a "redução possível dos incómodos ambientais durante a fase de construção, nomeadamente através da construção de barreiras que diminuam o ruído da obra e as poeiras nas casas mais próximas" e ainda a "escolha de uma forma de produção de composto que não aumente os odores na zona".

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