Porto 2001 já tem imagem de marca

A Capital Europeia da Cultura já tem logótipo. O trabalho escolhido, e anunciado ontem à noite, na Alfândega do Porto, é da autoria do designer lisboeta Pedro Francisco Albuquerque. Uma proposta que quis simbolizar "uma ideia reactiva de Cultura".

Dois zeros amarelos "sarrabiscados" com traço quase infantil entre um 2 e um 1, inscritos num fundo azul marinho e com as letras do Porto Capital Europeia da Cultura grafadas a branco, são os elementos constituintes da proposta com que Pedro Francisco de Albuquerque venceu o concurso público de ideias para o Porto 2001, cujos resultados foram ontem à noite anunciados naquela que prometia ser uma mediática "Festa da Identidade", no edifício da Alfândega portuense. Com o seu trabalho, aquele designer profissional, de 33 anos, natural de Lisboa e que lecciona no IADE, quis "transmitir uma ideia reactiva da cultura", como o próprio anotava no texto que acompanhou o seu projecto. Aí acrescentava a referência à aposta num conceito de "interactividade e um sentido plástico próprio da composição artística", manifestado na exploração da simetria dos zeros do 2001, "através do registo espontâneo de riscos circulares que se cruzam livremente". Este projecto de Pedro Francisco de Albuquerque convenceu o júri do concurso - que foi constituído por Artur Santos Silva e Carlos Moreira da Silva, ambos da comissão executiva do Porto 2001, e ainda pelo pintor Ângelo de Sousa, pelos designers Né Santelmo e Henrique Cayatte e ainda por Luís Filipe Reis e Vera Saudade e Silva - e arrecadou, por isso, o anunciado prémio de cinco mil contos. Por ele, e de acordo com os regulamentos do concurso, o autor abdicou dos direitos sobre o seu trabalho, que, a partir de agora, a comissão executiva do Porto 2001 utilizará, nas diferentes declinações que o projecto contem, em tudo o que diga respeito às iniciativas da Capital da Cultura.Em segundo lugar ficou o trabalho de Daniel Marques Pinto, um jovem portuense de 23 anos, licenciado em Matemática e professor na Universidade de Coimbra. É visível a marca da obra de Miró neste projecto, que manifestou "a preocupação de criar algo simples que fugisse aos lugares comuns" das referências à cidade: as pontes, o vinho, os barcos rabelas, os dragões... Cem contos foi o seu prémio.Artur Rebelo, 28 anos, também do Porto, onde se licenciou em Design de Comunicação/Arte Gráfica na Faculdade de Belas Artes, foi o terceiro classificado, com um trabalho que apostou na "versatilidade gráfica e conceptual" feito sobre a tipografia da cidade. Através do jogo de elementos - como a letra P retirada de uma paragem de transporte público, um tipo retirado de um marégrafo ou o pormenor de um azulejo... -, este designer quis mostrar a riquesa visual do Porto. O seu trabalho valeu-lhe 500 contos.O júri atribuiu ainda duas menções honrosas a projectos de Miguel Neiva, 30 anos, licenciado pela ESAD, e Pedro Baganha, 27 anos, arquitecto formado na Universidade do Porto, ambos também naturais da cidade. A proposta do primeiro incidiu abertamente nas imagens mais facilmente associáveis à tradição e história portuense: o barco rabelo, as pontes, o Douro. Pedro Baganha inspirou-se na primeira carta topográfica do Porto (a famosa "planta redonda", de 1813), para recriar a figura de uma mão, com a qual quis ainda significar "a proverbial hospitalidade e generosidade das gentes tripeiras".A partir de agora, a comissão executiva do Porto 2001 vai lançar uma grande campanha publicitária de divulgação do seu logótipo, que inclui a aposta no "merchandising" de produtos com a imagem de marca da Capital da Cultura.Depois da festa de ontem de apresentação do logótipo, a próxima grande tarefa dos responsáveis do Porto 2001 será a escolha do projecto para a Casa da Música. Um trabalho que parece estar mais atrasado do que aquilo que seria desejável, principalmente pela dificuldade da comissão em reunir em simultâneo todos os membros do júri que vão analisar e decidir sobre os projectos apresentados para o efeito pelos arquitectos Dominique Perrault, Rem Koolhaas e Rafael Viñoly. Segundo o PÚBLICO apurou, tudo leva a crer que a decisão só seja tomada na próxima semana, ao contrário do que estava previsto.

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