Para não ficar atrás de Lisboa e do Porto, Braga vai ter também a sua televisão regional, a cargo da TV Cabo. O acordo entre a autarquia e a Telecom será assinado na próxima semana e contempla igualmente a existência de um canal com informações úteis, da responsabilidade da câmara. O protocolo vai permitir ainda retirar todas as antenas do centro histórico da cidade.

A exemplo que do irá suceder nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, a região de Braga vai dispor igualmente de um canal regional de televisão por cabo, dirigido pela TV Cabo Douro. Tal como o PÚBLICO adiantou na sua edição de ontem, esta nova estação de TV resulta de um protocolo celebrado entre a autarquia e a Portugal Telecom (PT) - que será assinado já na próxima segunda-feira - e que foi aprovado por unanimidade na reunião de ontem do executivo municipal bracarense. "Trata-se de um canal fundamentalmente vocacionado para abordar os problemas regionais e que permitirá aos cidadãos estar informados sobre o que se passa no dia-a-dia da cidade e da região", afirmou, no final da reunião, o presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado. O autarca garantiu, contudo, que este canal é "da exclusiva responsabilidade" da TV Cabo, que "arranjará os parceiros que entender" para integrar a estação. Por isso mesmo, a câmara não deverá participar no capital da TV-Braga, ainda que Mesquita não afaste totalmente essa hipótese: "Se isso for considerado imprescíndivel, não enjeitaremos as nossas responsabilidades", admitiu, em declarações aos jornalistas. O autarca também não avança com uma previsão quanto à data possível para início das emissões televisivas. Adianta apenas que será a "muito curto-prazo" e que o processo do canal bracarense está "ligado" aos que estão em curso em Lisboa e no Porto, dando a entender que não haverá qualquer desfasamento de "timing" no arranque destes projectos. Ao firmar este acordo com a PT, a autarquia deixa de lado a outra empresa de televisão por cabo - a Bragatel - que já opera na cidade há vários anos e que até é comparticipada pelo município. Umas das intenções iniciais desta empresa passava precisamente pela criação de uma televisão regional, mas Mesquita justifica esta opção com "a forte experiência" da TV Cabo nesta área, o que permite garantir "o êxito e a qualidade" da futura televisão bracarense. Mas o presidente da autarquia vai mais longe e chega a sugerir que será "desejável verificar-se, no futuro, uma fusão entre a Bragatel e a TV Cabo". No âmbito deste protocolo, a autarquia vai passar a dispor também de um canal informativo, que fará a divulgação das diversas actividades desenvolvidas no concelho e prestará informações úteis em áreas como a cultura ou o trânsito, a exemplo do que já sucede com os painéis electrónicos espalhados pela cidade. Por outro lado, a zona do centro histórico - que neste caso vai alargar-se também às freguesias de S. Victor, Maximinos e S. Vicente - vai ficar totalmente "limpa" das actuais antenas que povoam os telhados das casas. É que com este acordo, a PT compromete-se a instalar o sinal da TV Cabo em toda esta área, disponibilizando gratuitamente aos moradores a recepção dos quatro canais de televisão nacionais. Este protocolo que vai ser rubricado entre a Telecom e a Câmara de Braga - e que inclui ainda a transferência para a autarquia de um terreno de dois mil metros quadrados, situado no centro da cidade - é considerado por Mesquita Machado um acordo "excelente" e "extremamente vantajoso" para o município e surge na sequência de um longo contencioso (que já leva cinco anos) existente entre as duas partes. A Câmara de Braga reclamava da PT o pagamento de quase meio milhão de contos, referente a taxas de ocupação e utilização do subsolo e do espaço aéreo do município, admitindo mesmo recorrer aos tribunais por esse motivo. A Telecom sempre contestou esta exigência e, com este protocolo, vai deixar de se preocupar com esta "guerra" com a câmara de Braga: "Damos por findo o contencioso com a PT e deixamos de exigir a cobrança de taxas", anunciou, em contraponto, Mesquita Machado. A TV Cabo, contactado pelo PÚBLICO, afirmou não ter qualquer comentário a fazer sobre este assunto.