Steve Ballmer está de saída da Microsoft após 14 anos como presidente executivo

Num momento de transformação da multinacional, Ballmer decidiu reformar-se e dar o lugar a um líder que fique no longo prazo. Bill Gates vai participar na escolha.

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Steve Ballmer vai manter-se no cargo até ser encontrado o novo CEO, ao longo do próximo ano Rick Wilking/Reuters

Steve Ballmer chegou à Microsoft a 11 de Junho de 1980. Foi o primeiro gestor contratado por Bill Gates, que tinha fundado a empresa cinco anos antes com Paul Allen, em Albuquerque, EUA. Quase vinte anos mais tarde, em Janeiro de 2000, chegou à presidência executiva da multinacional, substituindo Gates no cargo. Agora, decidiu que é o momento de se reformar.

A Microsoft anunciou nesta sexta-feira a decisão de Steve Ballmer, que vai manter-se à frente da gigante norte-americana durante o processo de selecção do novo presidente executivo. O comité criado especialmente para esta tarefa já começou a trabalhar e deverá ter o processo concluído ao longo dos próximos 12 meses, segundo o prazo estipulado pela empresa.

O comité é dirigido por John W. Thompson, líder dos “directores independentes” com assento no conselho de administração, e integra as figuras de proa da Microsoft – Chuck Noski, Steve Luczo e, claro, o chairman e co-fundador, Bill Gates. Os candidatos, que podem ser ou não quadros da multinacional, serão encontrados com a ajuda de uma empresa de recrutamento, a Heidrick & Struggles.

O novo CEO deverá estar em sintonia com a estratégia de transformação que o próprio Steve Ballmer oficializou a 11 de Julho: fazer da Microsoft, líder mundial no desenvolvimento de software, uma empresa focada na produção de hardware e na prestação de serviços. A aposta no mercado dos smartphones e dos tablets já revelara há muito que a empresa tinha uma estratégia de sobrevivência à queda que se tem registado na venda de computadores pessoais.

Ballmer anunciou então uma reestruturação no topo, com vários executivos a mudarem de funções ou a passarem a ostentar outros títulos. O que parecia uma afirmação da sua liderança era, afinal, o seu derradeiro grande contributo para o futuro da empresa que ajudou a crescer e que liderou ao longo de quase 14 anos (que, estando no cargo em Janeiro, cumprirá). Nesse período, passou por algumas das maiores dificuldades na história da empresa.

Aos 57 anos, Steve Ballmer decidiu que este era o melhor momento para se reformar, uma vez que a fazê-lo daqui a poucos anos implicaria deixar a Microsoft a meio do anunciado processo de transformação. “Os meus planos iniciais teriam feito a minha reforma acontecer a meio da transformação da nossa empresa numa empresa de dispositivos e serviços”, diz no comunicado desta sexta-feira. “Precisamos de um CEO que estará aqui no longo prazo para esta nova direcção.”

“Nunca há uma altura perfeita para este tipo de transição, mas agora é o momento certo”, afirma. Numa curta declaração, Ballmer aproveita ainda para descansar os investidores, destacando a “incrível” equipa de executivos que actualmente dirige a empresa. O que, aparentemente, conseguiu: no índice bolsista de Nova Iorque, o Nasdaq, onde estão cotadas, as acções da Microsoft têm estado a valorizar desde o anúncio da decisão.

Enquanto o seu substituto não for encontrado, Ballmer vai continuar a trabalhar na reorganização da empresa. “Temos sorte de ter o Steve no seu papel até que o novo CEO assuma essas funções”, sublinha Bill Gates, no mesmo comunicado.

Steve Ballmer nasceu em Detroit, a 24 de Março de 1956, filho de pai suíço e mãe norte-americana. Estudou matemática aplicada e economia em Harvard, antes de seguir para a Business School de Stanford. Desistiu dos estudos na universidade californiana em 1980, para começar a trabalhar na Microsoft. É hoje uma das pessoas mais ricas do mundo – é 19.º no ranking da Forbes, com uma fortuna estimada em 15900 milhões de dólares; Bill Gates é o primeiro da lista.

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