Interessar é tudo

Para defender as boas revistas de livros e os bons jornais é preciso encolhermos os ombros quando se fala em formatos.

Às vezes, nas sextas-feiras como hoje, em que saem as edições quinzenais do London Review of Books, do New York Review of Books, mais as edições semanais do TLS (ex-Times Literary Supplement) e do New Statesman, sacrifico o prazer do Spectator das quintas-feiras, adiando-o para o dia seguinte, para preencher a sexta-feira só de delícias.

Como todos estes periódicos estão muito piores (e mais curtos) do que já foram, basta-me acordar cedo para poder ler todos antes do almoço.

Mesmo assim — atendendo aos preços irrisórios no Kindle (e, no caso de The New Yorker) no iPad tem-se consciência de estar a gozar, pouco economicamente para os editores, mas muito "economicamente" para nós, um grande luxo cujos dias estão contados. Mais do que contados: com muita sorte faltará, no máximo, mais uma década de mama.

Vivemos num tempo esquisito mas sortudo em que que todas as tecnologias coexistem. O Libération digital é mais rápido, mais barato e quase tão bonito como a lenta e cara edição impressa.

Como assinante leal da edição em papel do Charlie Hebdo (cada vez mais engraçado e inteligente), espero que também eles arranjem uma edição digital que esteja disponível antes de aparecer a publicidade da nova edição no Libération.

Para defender as boas revistas de livros e os bons jornais é preciso encolhermos os ombros quando se fala em formatos. Seja em papel ou em pantalha, a única coisa que interessa é ser-se interessante.

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