Professores protestam em Lisboa

Manifestação foi convocada pela Plataforma da Educação.

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As provas para os professores serão elaboradas pelo mesmo organismo responsável pela produção dos exames nacionais RUI GAUDÊNCIO

Entre ter uma manifestação de cerca de mil professores, como a deste sábado, e não ter uma manifestação, os sindicatos preferiram a primeira hipótese. Entendem ser este "tempo oportuno" para exigir compromissos aos partidos que vão a eleições.

"Nós podíamos fazer isto em Setembro, com todos os professores desempregados e todas as situações que vão começar no início do ano lectivo. Vinha mais gente, mas não era uma altura própria, porque nessa altura é campanha eleitoral”, disse o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira. “Nós quisemos, num tempo que ainda fosse um tempo oportuno, vir colocar algumas propostas no sentido de que os partidos que se vão candidatar possam assumir compromissos.”

Segundo o líder da Fenprof, há uma redução de professores “na ordem dos 30% e de alunos na ordem dos 10%". Para repetir uma manifestação com mais de 100 mil professores, como a que aconteceu quando Maria de Lurdes Rodrigues era ministra, era preciso que todos saíssem à rua.

"Se é verdade que entraram quatro mil professores nos quadros nestes quatro anos, como diz o ministro [da Educação, Nuno Crato], também é verdade, e isso já não diz o ministro, que saíram 44 mil professores das escolas”, discursou ainda o sindicalista. “Estes quatro mil não podem, não conseguem, substituir os outros 44 mil, o que significa que há um défice de 40 mil.”

As reivindicações dos docentes e sindicatos passam pelo fim do processo de municipalização das escolas e pela sua substituição por uma "verdadeira descentralização" - que segundo Mário Nogueira já só devia ser decidida pelo próximo Governo -, por um regime especial de aposentação que reconheça o desgaste profissional dos professores e que permita a reforma aos 36 anos de serviço e por uma melhor distribuição da carga horária, para evitar que cheguem ao final do 3.º período "completamente de rastos".

Arménio Carlos acompanhou na rua os professores que desceram a Avenida da Liberdade em protesto, e fê-lo "enquanto cidadão, enquanto pai, enquanto avô e enquanto secretário-geral da CGTP". "Não podemos aceitar que continuemos a ter um Governo que condiciona o acesso a todos os patamares do ensino, porque a Educação é um elemento estruturante do desenvolvimento humano, portanto não pode ser condicionada às condições económicas e financeiras das famílias e alunos. A CGTP reafirma a sua solidariedade com os professores", disse.

Entre os professores que participaram no protesto, a Lusa encontrou sobretudo professores dos quadros, com décadas de carreira e que quando questionados sobre os motivos da sua presença deram quase todos as mesmas justificações. "Descontentamento", "burocracia", "perda de qualidade da escola pública" e "desrespeito" foram palavras e expressões usadas em quase todas as respostas.

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