Caso Maddie: Polícia inglesa quer vir a Portugal fazer escavações

Desaparecimento aconteceu há sete anos no Algarve. Polícia inglesa abriu entretanto uma investigação paralela ao caso e enviou uma carta rogatória recente à PGR com pedido para realizar mais diligências que não foi ainda deferido.

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Desta vez os pais criança inglesa vão acompanhar as operações à distância Andrew Winning/Reuters

As autoridades policiais inglesas preparam-se para vir a Portugal para iniciar uma nova fase da investigação do desaparecimento de Madeleine McCann, que aconteceu no Algarve há sete anos. A polícia quer agora fazer escavações no aldeamento onde a família inglesa estava hospedada e também em algumas zonas próximas.

Uma equipa forense, adianta o jornal britânico Guardian, quer vir ao país para utilizar um equipamento que funciona com base num radar e permite recolher informações no solo. O plano dos trabalhos é descrito num relatório policial, mas as autoridades não quiseram comentar as informações, justificando que, desde que começou a operação liderada pela polícia britânica, não querem alimentar especulações. A operação Grange começou em Maio de 2011 e desde Julho que foi aberta formalmente uma investigação.

Apesar da vontade dos investigadores ingleses, as diligências em causa têm de ser autorizadas pelas autoridades portuguesas. Fonte da PJ garantiu ao PÚBLICO que a Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu recentemente uma carta rogatória na qual as autoridades britânicas requerem várias diligências que ainda não foram autorizadas. A PJ não confirmou se as diligências requeridas incluem escavações.

Aliás, a mesma fonte adiantou que algumas das diligências, dada a sua natureza, não deverão ser aprovadas. Os pedidos que forem autorizados podem ser cumpridos no terreno também com ou sem a presença de investigadores da polícia inglesa, sublinhou ainda a PJ. O PÚBLICO questionou a PGR que até ao momento ainda não prestou esclarecimentos.

O processo de inquérito ao desaparecimento da menina inglesa foi reaberto em Portugal em Outubro do ano passado, mas estas diligências agora pensadas pelos investigadores britânicos ocorrerão, eventualmente, apenas no âmbito da investigação naquele país.

Segundo o Guardian, os pais de Madeleine não se deverão deslocar a Portugal, ficando desta vez a acompanhar as operações à distância. Contudo, ainda na semana passada, Kate e Gerry McCann disseram acreditar que uma operação conjunta poderia acelerar a investigação do desaparecimento da filha.

“O que gostaríamos mesmo era de ver uma investigação conjunta em vez de duas a decorrer em paralelo. Há muita burocracia envolvida, cartas rogatórias internacionais que são muito chatas e que têm um processo muito moroso”, afirmou o pai, numa entrevista à agência Lusa.

Actualmente decorrem duas investigações, uma em Portugal, a cargo da Polícia Judiciária, após reabertura do inquérito por parte do Ministério Público, e outra no Reino Unido, a cargo da Polícia Metropolitana (Scotland Yard). Recentemente, o vice-comissário adjunto da polícia britânica, Martin Hewitt, lamentou a recusa das autoridades portuguesas em formar uma investigação conjunta, mas Gerry McCann insiste nesta solução.

Do lado da polícia britânica, os desenvolvimentos após vários apelos públicos a pedir informação — o mais recente dos quais relacionado com alegados ataques sexuais a famílias britânicas de férias no Algarve — resultaram na identificação de vários casos. A polícia confirmou que identificou, no total, 18 casos em que famílias inglesas de férias em Portugal se queixaram de um intruso entrar nos quartos das filhas menores, dos quais nove resultaram em ataques sexuais, e de descreverem características comuns que fazem acreditar que os casos possam estar relacionados.

Madeleine McCann, na altura com quatro anos, desapareceu de um apartamento na Praia da Luz onde, em 2007, passava férias com os pais e com os irmãos. Na altura, os pais estavam a jantar com amigos num restaurante perto do apartamento. O caso foi investigado pelas autoridades portuguesas, tendo sido arquivado pelo Ministério Público em 2008, por falta de provas e, posteriormente, reaberto com dados adicionais recolhidos no Reino Unido.

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