Pais reclamam aulas de compensação e eventuais ajustes no calendário escolar e de exames

As crianças que não têm professores já perderam mais de três semanas de aulas, o que, na perspectiva dos pais e dos directores escolares, os coloca em desvantagem em relação aos colegas. Os primeiros exigem respostas e os dirigentes escolares meios.

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Ainda há alunos sem aulas Nelson Garrido

Os dirigentes das duas confederações nacionais de associações de pais existentes em Portugal, Jorge Ascenção e Isabel Gregório, reclamaram esta terça-feira que o ministro da Educação, Nuno Crato, adiante quais as estratégias que tenciona adoptar para compensar os alunos que já perderam mais de três semanas de aulas. “Já não é possível repor a justiça, mas é urgente minimizar as injustiças”, defendeu o primeiro, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), que admitiu que a solução poderá passar por aulas de compensação ou pela alteração dos calendários escolar e de exames.

Em declarações ao PÚBLICO, Jorge Ascenção frisou que "por princípio não defenderia qualquer solução que pese sobre as crianças, que devem ter tempo para brincar e já têm um horário escolar mais do que sobrecarregado”. “A questão é que, neste momento, compensar os alunos que estão a perder a quarta semana de aulas já é uma emergência, uma situação excepcional que exige medidas excepcionais, que o ministério tem de estudar”, disse.

Isabel Gregório, dirigente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) tem uma opinião semelhante em relação às soluções e lamenta que "o ministro não se tenha dirigido ainda aos pais para os informar do que tenciona fazer para compensar as crianças pelos erros na colocação de professores". 

Esta terça-feira o ministro da Educação, Nuno Crato, comentou a falta de professores nas escolas afirmando que esta semana o essencial fica resolvido e que no princípio da próxima a situação estará estabilizada. Mas tanto os representantes dos pais como os das associações de directores escolares dizem ter dúvidas de que assim seja. “Na escola que dirijo, depois da Bolsa de Contratação, que supostamente garante a entrada nas escolas, esta semana, de 800 docentes, eu continuo sem 18 professores”, disse Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares. Isto, explicou, “porque na sequência do concurso de sexta-feira um professor que estava colocado desde dia 12 no seu estabelecimento de ensino saiu; e dos oito que estavam pedidos desde o início do ano quatro optaram por outra escolas”.

Filinto Lima, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) ficou com saldo negativo: na sequência do concurso de sexta-feira saiu um professor e nenhum entrou, pelo que passou a ter falta de 9 e não de 8 professores, disse. “Aconteceu o mesmo noutras escolas, o que é assustador: se no próximo concurso os professores do topo das listas voltarem e ficar colocados em várias escolas e puderem optar por uma delas, aproveitando os prazos para aceitar e para se apresentarem, não sei quando é que os problemas estarão resolvidos”, comentou, em declarações ao PÚBLICO.

À semelhança dos representantes dos pais, os dirigentes escolares também reclamam que o ministro manifeste publicamente disponibilidade para colaborar com as escolas no sentido de compensar as crianças sem aulas. “Primeiro há que colocar os professores, para termos uma noção completa dos meios de que dispomos. Mas se eles não forem suficientes o MEC terá de disponibilizar crédito horário ou mesmo de permitir a contratação de mais docentes para que sejam dadas aulas de compensação”, defendeu Manuel Pereira.

No fim desta semana os alunos sem professores terão perdido quatro das 13 semanas e dois dias de aulas do 1.º período. Os primeiros exames, que são os das crianças do 4.º e do 6.º anos, estão marcados para os dias18 (Português) e 20 de Maio (Matemática).

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