Ministro da Educação diz que não fechará escolas só porque parece bem "no papel"

Presidentes das juntas de freguesia, na Covilhã, tinham-se barricado contra fecho de estabelecimentos de ensino. Ministro Nuno Crato prometeu diálogo.

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Ministro da Educação diz que dialogará com autarcas antes de fechar escolas rui soares

O ministro da Educação disse nesta segunda-feira, na Covilhã que o processo do fecho de escolas será conduzido em diálogo, tendo em conta a situação de cada local. “Claro que nós percebemos que, em alguns casos, as coisas não podem ser feitas exactamente como no papel e no lápis parecem melhor. Temos de ter em conta as situações locais e é isso que estamos a fazer”, garantiu o ministro, em declarações aos jornalistas.

Nuno Crato falava na Covilhã, onde foi recebido por várias dezenas de manifestantes que, entre palavras de ordem e muitos assobios, protestaram contra o encerramento de escolas no concelho. “A educação é um direito, sem ela nada feito” era uma das frases ouvida no megafone do protesto.

No local, além de sindicalistas, estiveram também pais vindos da localidade de Vales do Rio e os presidentes de junta que, pela manhã, se tinham “barricado” nas respectivas juntas de freguesia como forma de protesto.

O ministro, que chegou acompanhado pelo ministro-adjunto do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, não evitou o local e, apesar dos apupos dos manifestantes, aceitou dois envelopes com documentos que explicavam os argumentos do protesto, um dos quais entregue pelos presidentes de junta com quem acedeu falar.

“Agora mesmo vou falar com os senhores presidentes das juntas de freguesia que me vão transmitir algumas preocupações”, disse o ministro Nuno Crato aos jornalistas.

O governante assumiu o compromisso de que o processo será pautado pelo “diálogo com as câmaras, com as juntas de freguesia, com os professores, com os agrupamentos de escola”, mas ressalvou que a política do Ministério da Educação e deste Governo é a de que “o interesse dos alunos será posto em primeiro lugar”.

Nuno Crato defendeu ainda que “alunos que estão numa escola pequena, muito pequena, não têm as mesmas condições que outros que estão em centros escolares, onde existem recintos desportivos, professores de música, actividades complementares e turmas por ano de escolaridade”.

Mas nem só as escolas muito pequenas estão em risco. Numa entrevista à rádio Antena 1, nesta segunda-feira, o secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, João Casanova de Almeida, admitiu que também possam encerrar escolas do 1.º ciclo com mais de 21 alunos – o limite abaixo do qual estava inicialmente previsto o encerramento de estabelecimentos de ensino.

“A proposta é encerrar com menos de 21 alunos, é o que está na lei”, disse Casanova de Almeida. Mas o Governo está aberto a propostas de autarquias que entendam ser vantajoso fechar estabelecimentos de ensino com mais alunos. “Não estamos fechados. Se, por uma questão de melhoria da qualidade, de optimização, houver uma proposta neste sentido, vamos considerá-la.”

Desde 2002, foram mais de 6500 as antigas escolas primárias que deixaram de funcionar. A reorganização arrancou pela mão de David Justino, no Executivo liderado por Durão Barroso (PSD-CDS) e afectou principalmente as regiões Norte e do interior do país.

Nos primeiros dois anos de mandato, o ministério de Nuno Crato fechou mais de 500 escolas.

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