Presidentes de juntas "barricados" contra fecho de escolas na Covilhã
Protesto encerra todos os serviços, excepto os de saúde.
Juntas de freguesia do concelho da Covilhã estavam, na manhã desta segunda-feira, encerradas e os presidentes "barricados" no interior das instalações em protesto contra o fecho de escolas.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Leitão, presidente da União de Freguesias de Cantar Galo e Vila do Carvalho, explicou que o protesto foi organizado pelas dez localidades que têm escolas com menos de 21 alunos – e por isso passíveis de serem encerradas – mas que "todos os eleitos das restantes juntas estão solidários e aderiram imediatamente".
"Temos estado a confirmar com todos os presidentes e, efectivamente, as juntas não estão a prestar serviços. A única excepção prende-se com as juntas que têm lá a funcionar as extensões de saúde e que dão uma resposta a problemas inadiáveis, tendo, por esse motivo, aberto a porta, sem, contudo, estarem a prestar outros serviços", disse o porta-voz dos autarcas, minutos antes de uma conferência de imprensa na qual estiveram presentes 11 eleitos.
Pedro Leitão acrescentou que esta tomada de posição, que é assinalada nos edifícios com a colocação de uma faixa negra na qual se pode ler "fechado no interior", foi marcada para esta segunda-feira para coincidir com a visita do ministro da Educação, Nuno Crato, à cidade, para participar na assinatura de um protocolo na Universidade da Beira Interior.
"Temos de lhes dizer que chega. Basta. O interior, a população do interior e os eleitos do interior não vão continuar a permitir este flagelo. Estamos preparados para a luta e, se o Governo quer avançar com os encerramentos, então nós começamos já, mas para lhes mostrar que não ficaremos de braços cruzados. É por isso que hoje nos barricamos dentro de cada junta", apontou.
Pedro Leitão, que foi eleito pelo PS mas garantiu estar a falar também em nome dos presidentes de junta eleitos por diferentes forças partidárias e movimentos, assumiu que no concelho "há o receio generalizado" de que os encerramentos abranjam outras áreas, além da educação.
"Hoje são as escolas, amanhã serão as extensões e centros de saúde e depois os postos de correio e tudo o que ainda estiver a funcionar o que dizimará por completo as populações do interior", apontou, pedindo ainda a imediata "demissão do ministro e do Governo”.
Na Covilhã, há dez estabelecimentos de ensino (jardins de infância e escolas de primeiro ciclo) em risco de encerrar, designadamente nas localidades de Barco, Cortes do Meio, Coutada, Erada, Orjais, Ourondo, Paul, S. Jorge da Beira, Vila do Carvalho e Verdelhos.
O presidente da autarquia também já tomou posição pública contra o eventual fecho das escolas e prometeu que hoje irá tentar sensibilizar o ministro Nuno Crato para a questão.
Desde 2002, foram encerradas cercas de 6500 escolas em todo o país, por terem poucos alunos. Neste momento, o Governo está a discutir com os municípios o possível encerramento de mais 439.