Presidentes de juntas "barricados" contra fecho de escolas na Covilhã

Protesto encerra todos os serviços, excepto os de saúde.

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Governo está a estudar o encerramento de mais 439 escolas Adriano Miranda

Juntas de freguesia do concelho da Covilhã estavam, na manhã desta segunda-feira, encerradas e os presidentes "barricados" no interior das instalações em protesto contra o fecho de escolas.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Leitão, presidente da União de Freguesias de Cantar Galo e Vila do Carvalho, explicou que o protesto foi organizado pelas dez localidades que têm escolas com menos de 21 alunos – e por isso passíveis de serem encerradas – mas que "todos os eleitos das restantes juntas estão solidários e aderiram imediatamente".

"Temos estado a confirmar com todos os presidentes e, efectivamente, as juntas não estão a prestar serviços. A única excepção prende-se com as juntas que têm lá a funcionar as extensões de saúde e que dão uma resposta a problemas inadiáveis, tendo, por esse motivo, aberto a porta, sem, contudo, estarem a prestar outros serviços", disse o porta-voz dos autarcas, minutos antes de uma conferência de imprensa na qual estiveram presentes 11 eleitos.

Pedro Leitão acrescentou que esta tomada de posição, que é assinalada nos edifícios com a colocação de uma faixa negra na qual se pode ler "fechado no interior", foi marcada para esta segunda-feira para coincidir com a visita do ministro da Educação, Nuno Crato, à cidade, para participar na assinatura de um protocolo na Universidade da Beira Interior.

"Temos de lhes dizer que chega. Basta. O interior, a população do interior e os eleitos do interior não vão continuar a permitir este flagelo. Estamos preparados para a luta e, se o Governo quer avançar com os encerramentos, então nós começamos já, mas para lhes mostrar que não ficaremos de braços cruzados. É por isso que hoje nos barricamos dentro de cada junta", apontou.

Pedro Leitão, que foi eleito pelo PS mas garantiu estar a falar também em nome dos presidentes de junta eleitos por diferentes forças partidárias e movimentos, assumiu que no concelho "há o receio generalizado" de que os encerramentos abranjam outras áreas, além da educação.

"Hoje são as escolas, amanhã serão as extensões e centros de saúde e depois os postos de correio e tudo o que ainda estiver a funcionar o que dizimará por completo as populações do interior", apontou, pedindo ainda a imediata "demissão do ministro e do Governo”.

Na Covilhã, há dez estabelecimentos de ensino (jardins de infância e escolas de primeiro ciclo) em risco de encerrar, designadamente nas localidades de Barco, Cortes do Meio, Coutada, Erada, Orjais, Ourondo, Paul, S. Jorge da Beira, Vila do Carvalho e Verdelhos.

O presidente da autarquia também já tomou posição pública contra o eventual fecho das escolas e prometeu que hoje irá tentar sensibilizar o ministro Nuno Crato para a questão.

Desde 2002, foram encerradas cercas de 6500 escolas em todo o país, por terem poucos alunos. Neste momento, o Governo está a discutir com os municípios o possível encerramento de mais 439.

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