Serge está há quatro dias numa grua para voltar a ver o filho

Um francês quis chamar a atenção para o seu caso e de outros pais que perderam o direito de ver os filhos. “Salvar as nossas crianças da justiça”, escreveu no topo de uma grua onde está desde sexta-feira.

Serge Charnay está desde sexta-feira na grua
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Serge Charnay está desde sexta-feira na grua Stephane Mahe/Reuters
O francês exige voltar a ficar com o filho
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O francês exige voltar a ficar com o filho Stephane Mahe/Reuters
A grua onde está em protesto tem mais de 40 metros de altura
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A grua onde está em protesto tem mais de 40 metros de altura Frank Perry/AFP
Nicolas Moreno, o pai que se solidarizou com Serge
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Nicolas Moreno, o pai que se solidarizou com Serge Frank Perry/AFP
Nicolas ficou 17 horas na grua
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Nicolas ficou 17 horas na grua Frank Perry/AFP

Serge Charnay, 42 anos, perdeu o direito de visitar o filho quando alegadamente, por duas vezes, violou a data de entrega da criança à mãe. Há dois anos que é impedido de ficar com o filho. Descrente na justiça, o francês iniciou na última sexta-feira um protesto para exigir que o seu direito lhe seja restituído. Há quatro dias que está numa grua no porto de Nantes, Oeste de França, a mais de 40 metros de altura. “Salvar as nossas crianças da justiça”, escreveu na estrutura.

Serge está divorciado da mãe do seu filho, Benoît, nascido em 2006. O advogado da ex-mulher explicou, num comunicado enviado à agência AFP, que Serge perdeu o direito de ficar com a criança depois de numa ocasião ter ultrapassado em 15 dias a data de entrega do filho à progenitora e numa outra o ter feito cerca de dois meses e meio depois do previsto. Serge é ainda acusado de fazer ameaças à ex-companheira que, em tribunal, conseguiu que fosse retirado o direito de acolhimento do filho ao ex-marido, acusado de subtracção de menor. Desde 2011 que o francês afirma nunca mais ter visitado ou recebido o filho na sua casa.

Indignado com a decisão do tribunal, Serge decidiu subir a uma grua na última sexta-feira para chamar a atenção para o seu caso e de outros pais em situações semelhantes. Não esteve sozinho na iniciativa. Nicolas Moreno, de 34 anos, também subiu a uma grua, situada a algumas centenas de metros da de Serge, num acto de solidariedade com aquele pai. Tal como Serge, Nicolas diz ter sido privado dos seus dois filhos, depois da custódia das crianças ter sido entregue à mãe. Ao fim de 17 horas, Nicolas desceu.

Já Serge, após três noites na grua fez saber que não irá descer até que decorra a reunião entre as ministras francesas da Justiça e da Família, Christiane Taubira e Dominique Bertinotti, respectivamente, com a associação SOS Papa (SOS Pai) e com outras organizações de defesa dos direitos dos pais. A reunião estava inicialmente prevista para um dia desta semana mas foi entretanto agendada para as 15h desta segunda-feira.

A AFP indica que Serge recusou, para já, as propostas das autoridades para apresentar um requerimento urgente em tribunal para que o seu caso fosse reanalisado com o apoio de um advogado colocado à sua disposição. Foi mesmo apresentado um documento a Serge de que teria direito a uma audiência, no próximo dia 28 de Março, em tribunal se assim o desejasse. “Ficarei aqui até que consiga alguma coisa de significante”, disse quando questionado sobre quando iria dar por terminado o seu protesto. O francês diz que terá de analisar as propostas que lhe foram avançadas até agora, sublinhando a sua desconfiança quanto aos magistrados. “Não me arrependo absolutamente de nada”, acrescentou Serge, referindo-de às ocasiões em que ficou com o filho além do acordado com a ex-mulher. “Caso contrário nunca o teria visto”, concluiu.

A ministra da Família, Dominique Bertinotti, já veio sublinhar a importância da “mediação familiar” quando se fala em pais divorciados e cujo processo de separação foi conflituoso, sublinhando, em declarações à rádio Europe 1, que em França “apenas 4 a 8% dos divórcios são alvo de mediação”.
 
 

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