A carpa asiática - um peixe grande, prolífero e comilão - está a 25 milhas (40 quilómetros) de chegar aos Grandes Lagos, entre os Estados Unidos e o Canadá, onde pode provocar grandes perturbações na fauna local. O peixe foi importado da China no princípio da década de 1970, para ajudar a controlar as algas e moluscos em aquaculturas do Sul dos Estados Unidos. Mas, durante as cheias do início dos anos 1990, acabou por escapar do seu cativeiro e começou a colonizar o rio Mississipi.

O carpa asiática transformou-se em mais um caso de invasão incontrolada de espécies exóticas no país. O peixe pode atingir 1,2 metros de comprimento e 50 quilos de peso, dimensões que o deixam virtualmente sem predadores naturais. Para matar a fome, a carpa asiática chega a consumir, diariamente, 40 por cento do seu peso em plantas aquáticas, moluscos e peixes. Cada fêmea carrega até um milhão de ovos.

"A pesca comercial em algumas partes do baixo Mississipi foi completamente destruída pela invasão da carpa asiática", afirma Dennis Shornack, presidente norte-americano da Comissão Conjunta Internacional, um órgão estabelecido pelos Estados Unidos e pelo Canadá para gerir a protecção dos Grandes Lagos. "A Comissão acredita que a carpa asiática pode prejudicar seriamente ou mesmo destruir o ecossistema dos Grandes Lagos e esta ameaça é iminente", completa Shornack, citado pela agência Reuters.

Os peixes invasores estão a subir pela bacia do Mississipi a um ritmo de 80 quilómetros por ano. Até ao final de 2002, já poderão ter atingido o lago Michigan.

A melhor defesa contra a carpa seria uma barreira eléctrica construída pelo exército norte-americano sob o canal que liga o Mississipi aos Grandes Lagos. A sua função original é espantar outras espécies invasoras. Mas a barreira é ainda um protótipo experimental e a sua retirada está prevista para Outubro de 2003.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Canadá, John Manley, já escreveu ao Secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, a pedir que sejam tomadas medidas imediatas para conter a carpa asiática, incluindo a construção de uma segunda barreira no canal.