Director do SIS apanhado a ajudar suspeito no caso dos vistos gold

Segundo o Expresso, os espiões foram chamados pelo director do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, que suspeitava estar sob escuta.

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Detidos vão ser ouvidos este sábado no caso dos vistos gold, por suspeitas de crimes de corrupção, tráfico de influências, peculato e branqueamento de capitais Enric Vives-Rubio

O director do Serviço de Informações de Segurança (SIS), Horácio Pinto, foi fotografado na companhia de mais dois funcionários deste serviço, quando tentavam detectar escutas no gabinete de António Figueiredo, director do Instituto dos Registos e Notariado (IRN), detido na investigação aos vistos gold.

A notícia é divulgada neste sábado na edição do Expresso. Segundo o semanário, os três elementos do SIS foram detectados, em Maio, numa acção de vigilância da Polícia Judiciária (PJ) ao escritório de António Figueiredo no Campus de Justiça, em Lisboa. O director do INR suspeitava estar sob escuta ou com o computador monitorizado.

De acordo com um magistrado ligado aos serviços de informação, citado pelo Expresso, o SIS não pode realizar este tipo de trabalho a pedido, sobretudo quando está em curso uma investigação da PJ. O mesmo jornal diz que António Figueiredo não estava, afinal, sob escuta.

Figueiredo, que na última década tem ocupado cargos na estrutura do Estado, tanto em governos socialistas como do PSD/CDS, é amigo pessoal do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Foi também visto recentemente numa sessão de apoio à candidatura de António Costa a primeiro-ministro.

O director do INR foi um dos 11 detidos esta semana sob suspeita de corrupção na operação Labirinto, que investiga a atribuição de vistos “dourados” a cidadãos estrangeiros. Entre os outros arguidos está ainda o director nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Palos, e a secretária-geral do Ministério da Justiça, Maria Antónia Anes. Na operação que mobilizou 200 inspectores da PJ em todo o país, foram também detidos outros funcionários e dirigentes do IRN e três cidadãos chineses ligados a empresas que agilizam a atribuição de autorização de residência para investimento, os chamados vistos gold.

Os detidos foram identificados na sexta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, e vão regressar este sábado para serem interrogados por um juiz de instrução. Estão a ser acompanhados por "pesos pesados" da advocacia portuguesa, que estiveram envolvidos em processos como o Face Oculta, BPP, Portucale ou Casa Pia. Em causa estão suspeitas de crimes de corrupção, tráfico de influências, peculato e branqueamento de capitais.


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