“Não se pretende pôr as crianças a falar latim e grego”, esclarecem professores

Professores explicam que o que muda, em relação à introdução à cultura e línguas clássicas nas escolas, é o "apoio" do ministério

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O Latim é uma disciplina cada vez menos leccionada, lamenta professora de vencedor do prémio Foto: Nuno Ferreira Santos

A presidente da direcção da Associação de Professores de Latim e Grego (APLG), Isaltina Martins, esclareceu nesta sexta-feira que, com a sugestão às escolas para que incluam nas suas ofertas complementares a introdução à cultura e línguas clássicas, “não se pretende pôr as crianças a falar latim e grego”. “O objectivo é sensibilizá-las e no ensino básico isso faz-se, principalmente, através de actividades relacionadas, por exemplo, com a mitologia, os deuses e os heróis, as expressões latinas de uso corrente e até mesmo a gastronomia”, afirmou.

A presidente da direcção da Associação de Professores de Latim e Grego (APLG), Isaltina Martins, esclareceu nesta sexta-feira que, com a sugestão às escolas para que incluam nas suas ofertas complementares a introdução à cultura e línguas clássicas, “não se pretende pôr as crianças a falar Latim e Grego”. “O objectivo é sensibilizá-las e, no ensino básico, isso faz-se, principalmente, através de actividades relacionadas, por exemplo, com a mitologia, os deuses e os heróis, as expressões latinas de uso corrente e até mesmo a gastronomia”, afirmou.

O esclarecimento foi feito durante o seminário em que representantes de diversas associações e centros universitários de estudos clássicos e humanísticos saudaram o apoio do Ministro da Educação e Ciência (MEC) à iniciativa, "que basicamente constou do aconselhamento aos directores das escolas para que incluam disciplinas ligadas àqueles temas entre as ofertas curriculares”, explicitou a presidente da APLG.

“Gostaríamos de ter mais, claro, o ideal seria que a introdução à cultura clássica fizesse realmente parte dos currículos, mas este aconselhamento e o facto de o MEC colocar o projecto na página da Direcção Geral de Educação já é uma novidade, um começo, uma semente, que, cremos, a longo prazo vai germinar”, disse Isaltina Martins.

No seminário, muitas das dúvidas apresentadas prenderam-se, precisamente, com as alterações resultantes do anunciado envolvimento do MEC. “Como é que a disciplina entra no currículo e qual carga horária que lhe será atribuída?”, questionou uma professora. Na verdade, admitiu Isaltina Martins, uma das principais dinamizadoras do projecto, “não há qualquer alteração” em relação às possibilidades de incluir esta área disciplinar nas componentes curriculares complementares e nas ofertas de escola, "a não ser o apoio oficial do ministério”. Aliás, já existem projectos, ainda que isolados, no terreno, afirmou, apontando como exemplo o "Pari Passu", na Escola Secundária Rodrigues de Freitas, no Porto.

Isso não diminuiu o entusiasmo da maior parte dos participantes, que mostraram crer que será possível cativar alguns dirigentes escolares e representantes nos conselhos pedagógico e geral para o retorno aos clássicos. Um professor menos optimista recordou, ainda assim, o “clima de intriga e disputa mercantil pelos horários”, numa altura em que o número de professores sem componente lectiva (e sujeitos à requalificação profissional) aumenta. "É preciso manter o contacto directo com os directores, sensibilizá-los", aconselhou.

O ministro da Educação, Nuno Crato, esclareceu, no final da sessão de abertura do seminário, em que participou, que não serão atribuídos mais recursos humanos às escolas para este projecto. “O que há de novo [em relação ao ano lectivo em curso] é a disponibilização de elementos que facilitem a escolha dessa disciplina por parte das escolas”, disse Nuno Crato, referindo-se aos materiais que serão elaborados pelas associações, pelos centros universitários e pelos próprios professores e divulgados na página da DGE. O ministro adiantou, ainda, que o MEC vai promover a elaboração das metas curriculares para a disciplina de Latim, que é opcional, no secundário.

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