Socialistas preparam um Governo político e não tecnocrático

Uma das pastas centrais será a dos Assuntos Europeus, que poderá crescer de importância se tiver associada a gestão dos fundos comunitários.

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Maria Manuel Leitão Marques é nome provável em equipa de Costa Rui Gaudêncio

O líder do PS, António Costa, afirmou já que está preparado para ser indigitado como primeiro-ministro pelo Presidente da República e frisou mesmo que tem programa de Governo e equipa ministerial prontos a apresentar a Cavaco Silva.

Sobre o programa eleitoral, muito tem sido escrito e o próprio documento é público. Já sobre a equipa governamental que António Costa está a preparar, muito tem sido especulado, mas poucas certezas há quanto aos nomes que irão sentar-se na mesa de reuniões de Conselho de Ministros.

Além da presença do próprio António Costa na qualidade de chefe do Governo, apenas um nome surge com presença garantida, Mário Centeno que deverá ocupar a pasta das Finanças, como o próprio reconheceu em entrevista ao PÚBLICO em 5 de Agosto. Outra coisa não seria de esperar, já que foi Mário Centeno que coordenou a equipa de doze economistas que elaboraram o documento com o modelo económico que serviu de base ao programa do Governo.

De resto, apenas outros dois nomes surgem como certos no elenco ministerial que Costa levará a Cavaco quando este o indigitar. A saber: k primeiro é Manuel Caldeira Cabral, economista da Universidade do Minho, eleito deputado como cabeça de lista em Braga, que deverá ir para a Economia, tendo o próprio já afirmado que terá “muito gosto em integrar” o Governo de Costa.

O segundo nome dado como garantido é o de Maria Manuel Leitão Marques, que foi cabeça de lista do PS por Viseu e que no primeiro Governo de José Sócrates foi presidente da Unidade de Coordenação da Modernização Administrativa entre 2005 e 2007, sob as tutela directa de Costa, quando este foi Ministro da Administração Interna, e depois subiu a secretária de Estado da Modernização Administrativa (2007-2011). Esta catedrática e vice-reitora da Universidade de Coimbra deverá ocupar a pasta de Ministra da Presidência do Conselho de Ministros e da Modernização Administrativa.

A Modernização Administrativa será um dos três ministérios em que Costa aposta como centrais no seu Governo e que já assumiu que funcionarão como ministérios transversais. Os outros dois são o Ministério do Mar e o Ministério dos Assuntos Europeus. Este último terá uma importância ainda maior se acumular ainda a responsabilidade pela gestão dos fundos europeus, quer o que ainda resta do QREN e as verbas do Programa 2020. Tanto mais que são as verbas comunitárias uma das chaves da estratégia de Costa para investimento.

Com vários nomes a serem ditos e escritos pela comunicação social, António Costa mantém-se em silêncio sobre o assunto. E mesmo quando, no funeral do vereador da Câmara do Porto Paulo Cunha e Silva, foi confrontado com o facto de o ter convidado para ministro da Cultura, António Costa apenas assumiu que o seu nome era uma “forte possibilidade”, segundo o Jornal de Notícias.

Sendo um Governo de minoria cujo suporte parlamentar assenta em acordos bilaterais com o BE, o PCP e o PEV, o perfil do executivo terá de ser eminentemente político. É por isso natural que surjam poucos nomes vindos da chamada tecnocracia, assim como é provável que os ministeriáveis sejam maioritariamente estreantes no lugar de ministros.

O carácter político do novo executivo e a importância do combate político e das permanentes negociações parlamentares são razões centrais na formação do executivo. Daí que muitas das estrelas do firmamento de António Costa que estão na bancada socialista aí deverão permanecer e não irão para o Governo.

O secretário-geral do PS já assumiu, aliás, numa reunião do grupo parlamentar na abertura da legislatur, que era pelo facto de o PS estar em minoria e precisar de uma forte coordenação parlamentar que levara à decisão de colocar o presidente do PS, Carlos César, como líder parlamentar. Costa afirmou então que este lugar é o de número dois do Governo.

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