Sessão do 25 de Abril marcada pela subida da Extrema-direita em França

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As causas e consequências da passagem à segunda volta de Le Pen serão abordadas pelos partidos parlamentares DR

A sessão solene comemorativa da revolução de 25 de Abril de 1974, que se realiza hoje na Assembleia da República, será dominada pelos temas da ameaça da extrema-direita na Europa e pela necessidade de reforma do regime democrático.

Antes das intervenções do presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, e do chefe de Estado, Jorge Sampaio, que encerrará a sessão, os oradores das diferentes bancadas parlamentares farão alusões aos resultados da primeira volta nas eleições presidenciais em França, em que candidato da extrema-direita, Jean Marie Le Pen, conseguiu cerca de 17 por cento dos votos.

No entanto, na análise as causas e consequências do resultado das eleições de domingo, em França, o deputado do CDS-PP Luís Duque irá demarcar-se da esquerda parlamentar. Em declarações à agência Lusa, Luís Duque disse que, no seu discurso, procurará sublinhar que "a democracia não é de esquerda, nem de direita e a A França é um exemplo disso mesmo". É curioso agora vermos todas as forças que defendem a democracia a abrigarem-se debaixo do chapéu de chuva da direita", afirmou Luís Duque, numa referência indirecta ao apoio já dado por socialistas e comunistas à reeleição na segunda volta de Jacques Chirac para o cargo de presidente.

Pela parte da esquerda parlamentar, o tema da passagem de Jean-Marie le Pen à segunda volta das eleições presidenciais francesas será explorado por Luís Fazenda (Bloco de Esquerda), Honório Novo (PCP) e por João Soares (PS). Estes partidos, que discursam antes da deputada do PSD Leonor Beleza, também tencionam abordar temas como o processo de paz em Angola e a situação no Médio Oriente.

Sampaio «low profile»

"Tudo o que o Presidente tinha a dizer já disse na tomada de posse do Governo. Não se podem estar a fazer os mesmos avisos todos os dias." A frase é de um elemento do "staff" de Belém e revela a intenção de Jorge Sampaio de manter hoje na cerimónia parlamentar de celebração do 25 de Abril uma postura de "low profile".

O Presidente da República parece apostado em não deixar que se instale a ideia de que, agora que a direita está no poder, pretende fazer crescer a sua intervenção pública. Um dia, no futuro, o Governo da "convergência democrática" poderá sentir-se na necessidade de começar a agitar o papão das "forças do bloqueio" - como Cavaco Silva fez quando se extinguiu o seu longo estado de graça. Belém, pelo seu lado, não quer dar a Durão nenhum pretexto para ser incluído nessas forças. Que o Governo faça o que tem a fazer sem inventar álibis foi, aliás, a principal mensagem de Jorge Sampaio na tomada de posse governamental.

Seja como for, para hoje é aguardada com alguma expectativa a forma como o Presidente irá tratar os surpreendentes resultados da primeira volta das eleições presidenciais em França. Até agora não se ouviu a Jorge Sampaio nenhuma referência pública à vertinosa ascensão da extrema-direita de Jean Marie Le Pen.

Fora da Assembleia não faltarão eventos comemorativos. Desfiles, desporto e festas populares vão realizar-se por todo o país e nas comunidades portuguesas no estrangeiro para festejar o Dia da Liberdade.

Em Lisboa realiza-se a tradicional manifestação comemorativa organizada pela Associação 25 de Abril, que este ano pretende reafirmar os direitos sociais adquiridos nos 28 anos da democracia.

O desfile começa ao princípio da tarde na praça do Marquês de Pombal e termina no Rossio. Com o lema "liberdade sempre, discriminação jamais", várias associações defensoras dos direitos dos homossexuais vão aderir à manifestação.

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