Quatro partidos chumbam voto de saudação do PCP ao 25 de Abril no parlamento dos Açores

Quatro partidos chumbaram esta quinta-feira no Parlamento dos Açores "um voto de saudação" ao 25 de Abril apresentado pelo PCP, por discordarem do texto de argumentação, que culpava as "políticas de direita" dos últimos 37 anos pela crise actual.

"A pátria portuguesa vive um dos mais graves e dolorosos períodos da sua longa história de mais de oito séculos, seguramente, o mais difícil desde o fim dos negros tempos do fascismo. Um período que entra claramente em conflito com o que Abril representou de conquista, transformação, realização e avanço", afirmou o deputado comunista Aníbal Pires.

Para o PCP, há hoje "uma inaceitável intervenção externa que agride a inalienável soberania" nacional, assim como um programa de ajustamento da troika, negociado por PS, PSD e CDS-PP, que é "um verdadeiro guião para uma nova ditadura, empenhada em aumentar a exploração dos trabalhadores e obliterar os seus direitos, ferindo as liberdades" dos portugueses e "empobrecendo o país de forma deliberada e criminosa".

"A crise nacional é determinada fundamentalmente pelas consequências das políticas de direita levadas a cabo ao longo de mais de 37 anos", considerou Aníbal Pires, apontando que a "contra-revolução" começou com o primeiro Governo de Mário Soares e foi depois continuada por todos os executivos que se seguiram.

Assim, e a propósito dos 40 anos do 25 de Abril, o PCP propunha ao parlamento regional que reafirmasse, através da aprovação deste voto, "a importância incontornável das conquistas políticas e sociais da Revolução de Abril", como a rejeição do "ataque aos direitos sociais obtidos" em 1974.

Porém, só a deputada do BE, Zuraida Soares, votou favoravelmente o texto. PS, PSD, CDS-PP e PPM condenaram-no por, nas palavras do socialista Francisco Coelho, ser na realidade um "voto de pesar pelo 25 de Abril deles [os comunistas] que nunca foi". O PS lamentou, ainda, que o PCP tenha passado "ao lado" de uma "grande oportunidade" para acentuar a importância de repensar hoje "os caminhos" da Europa e da "psicose austeritária" que está a pôr em causa décadas de social-democracia.

O social-democrata José Andrade considerou que o PCP estava a "instrumentalizar" o 25 de Abril para "fazer politiquice" e "colocar uns portugueses contra outros", o que lamentou, dado ser uma efeméride que deve ser celebrada de forma consensual. CDS-PP e PPM acrescentaram que se tivesse vingado o projecto comunista, Portugal seria realmente uma ditadura hoje.

Sugerir correcção
Comentar