Passos Coelho acusa PS de tentar capitalizar a “zanga” dos portugueses

Líder do PSD afirma que os socialistas estão a tentar fazer um “plebiscito ao Governo” nestas eleições europeias para tentarem “conquistar o país” nas próximas.

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AFP/Odd Andersen

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho acusou o PS de tentar fazer um “plebiscito ao Governo” destas eleições europeias para “conquistar o país” nas próximas. Os ataques aos socialistas e a José Sócrates – neste caso pela voz de Paulo Portas - marcaram os discursos de encerramento dos dois líderes partidários na campanha da Aliança Portugal, durante um jantar com duas mil pessoas, na Maia.

O líder do PSD, sem referir o PS directamente, defendeu que os socialistas se querem aproveitar da “memória curta” das pessoas. Pensaram os nossos opositores que as pessoas estão zangadas com as medidas difíceis. E há que capitalizar estas eleições para nas próximas conquistarem o país”, disse, agradecendo aos candidatos Paulo Rangel e Nuno Melo pelo “trabalho” feito na campanha.

Recordando que há quem esteja a “reabilitar o passado”, Passos Coelho regressou a 2009 para defender que o PS negociou o adiamento do pagamento dos encargos das PPP rodoviárias para 2014, tendo como pano de fundo o calendário eleitoral. “Para que não se estragasse o arranjinho eleitoral, negociou uma factura mais cara para pagar cinco anos depois. Já não tinham ambição de ser Governo. O problema é que não são os governos que pagam as facturas, mas sim os portugueses”, apontou. Passos Coelho deixou ainda uma crítica ao PS por falar nos juros altos que “sufocam” o país: “Que pena não se terem lembrado disso mais cedo, que pena”.

Sublinhando a importância das eleições europeias, o líder do PSD vincou a relevância de eleger Jean-Claude Juncker, explicando que não há vínculo legal para o indicar como candidato à Comissão Europeia, mas há “vínculo moral e político” para o fazer. A terminar a sua intervenção, Passos Coelho referiu ainda a verba de 18 mil milhões de euros de fundos comunitários a que Portugal terá direito nos próximos anos. E mais uma vez apelou: “Estas eleições não são para governar dia 26 [de Maio]”.

PS “legitima” Sócrates nas urnas
Momentos antes, a sala ouviu o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, num ataque muito mais directo ao PS e a José Sócrates. O líder do CDS defendeu que nas eleições do próximo domingo os socialistas estão a legitimar nas urnas a governação de José Sócrates.

Depois de citar o número um da lista do PS, Francisco Assis, quando disse ter “admiração” por José Sócrates, Portas contrapôs. “Nós não temos admiração por José Sócrates e temos uma factura para lhe apresentar: 78 mil milhões, a troika cá dentro, país avaliado como lixo, a austeridade imposta pelos credores, afirmou, dizendo que “o PS está a legitimar votos pelo que José Sócrates fez”. O líder do CDS disse ter a confiança de que “não há um português lúcido que se atire para um precipício duas vezes seguidas”.

A participação do ex-primeiro-ministro socialista na campanha do PS esta sexta-feira mereceu uma avaliação. Sócrates “apareceu igual a ele próprio: ele é um génio. E, segundo as suas próprias palavras, quem não pensa como ele é imbecil. Usando as suas palavras, não me parece imbecil um factor importante para domingo: é que nós não queremos José Sócrates outra vez.

As palavras finais do discurso de Portas foram um apelo à sensatez nas urnas: “Eu que conheço as sondagens, no próximo domingo, sei que o bom senso triunfará. Agradeço a gente que não é das nossas cores vai dar o voto às nossas cores para que o país não volte a viver dias negros”.

Arruada com protestos
Sem a multidão de outros tempos, a caravana da Aliança Portugal subiu esta sexta-feira à tarde a Rua de Santa Catarina no Porto e ouviu alguns protestos. “Gatunos” e “haja justiça” foram algumas das palavras que uma mulher gritou ao mesmo tempo que se aproximava das câmaras de televisão. Nesse momento, os candidatos acenavam da janela de um primeiro andar. Quando desceram passaram ao lado do protesto.

Muitas outras pessoas olhavam indiferentes à passagem da campanha, desta vez animada com bombos tradicionais. Ao lado dos candidatos estiveram José Pedro-Aguiar Branco, ministro de Defesa, que também esteve no almoço, bem como Luís Montenegro, líder parlamentar da bancada social-democrata.

Durante o trajecto, Paulo Rangel falava de um “crescendo” da campanha e avaliava positivamente a arruada, dizendo que a candidatura “estava a terminar em grande”.

Meia hora bastou para cumprir o percurso que culminou com uma largada de balões. Nessa altura, quando os candidatos abandonavam o local, os protestos foram ouvindo-se cada vez mais alto. “Arranjem emprego para a juventude”, exigia uma mulher que dizia ter dois netos emigrados no estrangeiro. A reformada discutiu com um elemento da caravana, depois de se ter aproximado de alguns deputados e de ter perguntado por Paulo Rangel. Os candidatos já se tinham dirigido para os carros, já só quase restavam os "jotas" da Aliança Portugal e a música dos bombos.

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