Os índios da meia praia
Temos de acordar. Fazer mais política e fazer melhor política. E preparar uma rápida derrota da geringonça.
“ (…)
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te nudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De enganar a burguesia
(…)
Índios da Meia Praia (Zeca Afonso - In álbum Com as Minha Tamanquinhas – 1976)
O génio e a inquietação de Zeca Afonso projectam-se para lá do seu tempo.
Hoje é a geringonça que nos (des)governa que troça com o nosso esforço, que compromete a nossa liberdade e vende o nosso futuro.
Como a esquerda literalmente não sabe o que é a economia, como é que ela funciona e como se atrai investimento e se cria riqueza, “aqui vai disto”.
Agora, o corte da isenção do imposto único de circulação (IUC) que era atribuída aos deficientes com grau de incapacidade superior a 60%.
Depois o subliminar e verrinoso ataque fiscal à Igreja Católica (e nela a todas as confissões religiosas) com afectação do IMI.
Depois a falácia das boas notícias nos números da execução orçamental e na redução do valor do défice, mais uma vez ajudado – miseravelmente ajudado – pelo aumento dos impostos indirectos.
E há que perguntar: porque é que o governo não começa por dentro, não averigua a situação e não taxa de forma mais eficiente e efectiva, por exemplo, o património imobiliário dos partidos políticos, com o do PCP à cabeça?
Mas a canga fiscal parece afeiçoar-se ao pescoço nacional.
Nesta paz podre “em que nos vão ao bolso e à vida” com música, o centro e a direita, que deviam estar a fazer oposição de frente e a denunciar todas as malfeitorias laboratoriais-fiscais e orçamentais da burguesia anarco-sindical esquerdista que assaltou o poder, andam de Verão e deixam-se entreter com nevoeiros e falsas notícias feitas de chita de Alcobaça.
É o espantoso caso do “namoro” inventado entre o MPLA de Angola e o CDS.
Mas há que memorizar e voltar à tragédia ultramarina de 1975.
E pedir ao PCP e ao Bloco de Esquerda que nos contem a verdadeira história – que não é bonita – do MPLA.
Do seu ADN e do seu modelo marxista de um dito "socialismo" prático e dos mecanismos do seu acesso e permanência no poder em Angola há mais 30 anos.
E é também a “estória”, feita de areia, do anacrónico regresso ao poder de Paulo Portas, que felizmente já vai tão longe.
Temos de acordar.
Fazer mais política e fazer melhor política.
E preparar uma rápida derrota da geringonça.
Que anda a sangrar o País.
Advogado, membro da Comissão Política Nacional do CDS