O pior do PS de regresso!

Com António Costa na liderança, o PS será uma certeza: a certeza de se ver reemergir a política no seu pior.

Da Grécia (pouco mais de 5% de votos), passando pela Holanda (10%), França (15%), à Espanha (23%), os partidos trabalhistas ou sociais-democratas perderam estas eleições europeias mesmo quando defrontando Governos a aplicar austeridade.

O PS em Portugal foi uma das poucas exceções. Mas, mesmo assim, algumas personalidades do PS, como Mário Soares, Carlos César, José Sócrates e António Costa, vieram pôr em causa o líder do PS. De seguida António Costa decidiu, mais uma vez, tirar António Seguro da liderança do PS.

Há um ano, quis o mesmo, e o argumento era o de que Seguro não estava a unir o PS. O que aquilo queria dizer era que António Seguro não estava a defender o legado de Sócrates. Quando viu que não tinha apoios suficientes, António Costa recuou.

Para os descontentes de há um ano, e os mesmíssimos de hoje, utiliza-se o argumento de que diante da gestão do atual Governo o PS deveria capitalizar uma vaga de descontentamento que submergisse os partidos do Governo. Este argumento destina-se a enganar os militantes do PS e público em geral:

1.º – Como se viu, o PS em Portugal foi uma exceção. Em Espanha, o PSOE a ficou-se por uns míseros 23% de votos contra um Governo do PP mergulhado em escândalos, com um desemprego na casa dos 25%, e com austeridade como nunca a Espanha conheceu, e sem a presença da troika!

2.º – Enquanto primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates jogou irresponsavelmente os destinos do país nas eleições legislativas de 2009, ignorando a crise financeira internacional, pensando apenas nas eleições legislativas. Promoveu um festim orçamental ilusório com gastos e benefícios – aumento de salários e redução de IVA, só para lembrar dois erros graves em plena recessão – que conduziram ao défice de 10% nas contas públicas em 2009. Este défice foi o passo em frente para Portugal ser tragado pela mesma onda que varreu a Grécia e a Irlanda.

Três anos depois, só alguém sem memória pode esquecer essa realidade dolorosa e aceitar que tudo o que hoje os portugueses sofrem é da exclusiva responsabilidade do Governo PSD/CDS! Por outro lado, não pode deixar de chocar o facto de que enquanto milhares de portugueses perdem as suas casas, o seu emprego, veem as suas pensões reduzidas, os seus ordenados cortados ou até penhorados se houver alguma falha no cumprimento das obrigações fiscais, e como se nada disto tivesse a ver com ele, José Sócrates ainda se torna comentador político na televisão pública, onde vai fazendo a sua reabilitação política à nossa custa!

Num país verdadeiramente civilizado, a reabilitação duma tal personagem com estas responsabilidades públicas só poderia ter lugar num espaço para delinquentes compulsivos. Um lugar de onde apenas pudesse sair depois de “comprovadamente” ter aprendido uma profissão com a qual pudesse ganhar a vida sem nunca mais prejudicar nenhum português.

Entretanto, para António Costa, os sonhos de ser candidato a primeiro-ministro já nas próximas legislativas estavam a desvanecer-se. Não era essa a opção do atual PS. Só um evento que pudesse ser dramatizado e mediatizado poderia dar-lhe nova esperança, e os resultados das eleições europeias, apesar de claramente positivos para o PS e para António Seguro, foram a última tábua a que se agarrou, apesar das contradições da sua atitude. Não hesitou na desestabilização do PS, procurando mobilizar militantes através duma dramatização dos resultados das eleições europeias e da promessa fantasiosa de que com ele o PS ganhará facilmente as próximas legislativas.

O que está então verdadeiramente em causa? Esta divisão aberta agora de forma clara dentro do PS é um verdadeiro confronto entre duas formas distintas de estar na política e de fazer política, e que têm marcado a democracia portuguesa.

Com António Seguro, um político que não depende de lóbis, nem duma entourage feita com homens do setor dos negócios, o PS é uma esperança para a política portuguesa. Mesmo que lhe falte a experiência que só o tempo e os combates trazem. Ele representa a melhor possibilidade de o PS recuperar solidamente o seu eleitorado e a confiança dos portugueses.

Com António Costa na liderança, o PS será uma certeza: a certeza de se ver reemergir a política no seu pior. António Costa pode legitimamente ter uma agenda própria. Vamos até admitir, em tese, que seja bem-intencionada. Mas tê-la-á sempre atravessada pela agenda própria de José Sócrates.

Os apoios que António Costa recebeu no imediato vieram sobretudo do séquito de José Sócrates. A cada noticiário nas televisões, um ex-qualquer coisa de José Sócrates “sai do buraco” para declarar o seu apoio a António Costa!

Com António Costa no Governo, Sócrates deixará o papel de comentador político semanal na RTP. Exigirá mais e António Costa vai proporcionar-lhe a reabilitação total. Terá a plataforma necessária para continuar a construir o seu caminho de regresso ao poder.

Por muito que isto contrarie uma ideia feita na comunicação social em redor de António Seguro, este foi, e será, muito mais firme e determinado diante de Sócrates e do seu legado trágico do que António Costa alguma vez o será, porque António Costa não depende apenas do seu capital político e das suas convicções. Estará condicionado por alguém que ele não controlará minimamente!

Esta postura sobre a avaliação séria do passado, ou branqueamento do mesmo, é um teste de honestidade em que poucos políticos são aprovados, por uma suposta solidariedade! António Costa chumba duplamente neste teste: falha na avaliação séria do passado, e falha depois na solidariedade com António Seguro!

E os portugueses vão registando…

Militante do PS

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