Ministro alemão admite novos investimentos em Portugal

Alemanha e Portugal fazem manter Grécia no euro do cumprimento dos compromissos por Atenas

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O encontro bilateral entre os dois ministros dos Negócios Estrangeiros Pedro Elias

O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros admitiu esta quarta-feira, em Lisboa, novos investimentos do seu país em Portugal. Frank-Walter Steinmeier falava numa breve de conferência de imprensa no Palácio das Necessidades após um almoço de trabalho com o seu homólogo Rui Machete.

“Para que novas empresas alemãs possam investir em Portugal é necessária a troca de opiniões com as que já aqui investiram e as que, na Alemanha, ainda não se atreveram nesse caminho”, disse o ministro de Berlim, no balanço das relações bilaterais após o encontro. “Uma reunião muito produtiva, embora rápida”, sintetizou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

As relações bilaterais foram remetidas para o III Fórum Portugal/Alemanha, que decorre esta quarta-feira à tarde, uma entidade da sociedade civil. “Será a oportunidade de aprofundar as relações bilaterais que, de resto, não têm grandes problemas”, assegurou o ministro alemão. Aliás, foi esta quarta-feira assinado um acordo bilateral no sector cinematográfico que permite o acesso a um fundo alemão de 300 milhões de euros.

No almoço – foi servida garoupa -, os dois países constataram o bom relacionamento económico. A Alemanha é o terceiro mercado das exportações portuguesas e, actualmente, três mil empresas exportam para aquele país quando, em 2009, eram apenas 1900.

“Estamos lado a lado nos conflitos internacionais”, disse, por seu turno, o ministro Steinmeier. Depois, desfiou os pontos de fricção no cenário internacional – Ucrânia, Médio Oriente, Magrebe, Líbia – repetindo a lista de Rui Machete, à qual o ministro português juntou o Sahel, o Golfo da Guiné e suas implicações no corno de África.

“É muito importante falarmos da Líbia onde estamos longe de uma solução, mas os grandes fluxos migratórios que atravessam aquele país são, em parte, da nossa responsabilidade, europeia”, admitiu o chefe da diplomacia alemã. “Temos de evitar mais mortes no Mediterrâneo, combater as redes de tráfico de pessoas, destruir os barcos utilizados, distribuir os emigrantes”, continuou. A este respeito, admitiu a necessidade do “guarda-chuva” de uma decisão do Conselho de Segurança da ONU.

A situação económica portuguesa foi também tema. Machete recordou que esta visita do ministro alemão é a devolução da por ele efectuada em Março de 2014 à Alemanha, ainda com o processo de ajuda internacional em execução. “Cumprimos e superámos as expectativas”, congratulou-se.

O que foi saudado por Frank-Walter Steinmeier. “A Alemanha tem o máximo respeito pelo caminho seguido por Portugal, o retomar do crescimento económico merece o nosso respeito”, disse. Não se coibiu de referir, indirectamente, os efeitos da austeridade – “anos sem crescimento económico e recessão” -, e reconheceu problemas. “Existem dificuldades, a taxa de desemprego, mas Portugal é exemplo de que vale a pena esse esforço, há perspectivas”, destacou. “Portugal continua a ter [na Alemanha] um amigo solidário e actuante”, garantiu.

Sobre a evolução das relações da União Europeia com a Grécia, quer Machete quer o social-democrata Steinmeier, foram parcos nas palavras, mas ricos no conceito. O Governo de Atenas deve cumprir os seus compromissos.

“Ambos os países estão preocupados com a situação grega”, disse o chefe da diplomacia portuguesa. “As negociações são intensas, mas têm de ter uma solução antes da Grécia ter falta de liquidez, cada dia é decisivo”, pontualizou o ministro alemão. “Se a Grécia deixar a zona euro não há vencedores, portanto há razões para o acordo, o que significa que a Grécia deve cumprir os seus compromissos”, reiterou.

Em tom solene acentuou: “é bom que todos se apercebam da seriedade da situação, tudo depende se a Grécia está disposta a tomar as decisões necessárias, encontrar uma solução e não alimentar a suspeita de que na Europa há alguém que quer atirar a Grécia pela borda fora.”

Quanto ao referendo britânico sobre a União Europeia, anunciado por David Cameron, Berlim espera para ver. Ou seja, aguarda pelos resultados do debate na Grã-Bretanha para saber o que e como se deve, ou pode, discutir. “Resta-nos esperar, ter paciência”, disse Steinmeier. Esta tarde, o ministro alemão, destacado membro do SPD social-democrata, mantém um encontro com o secretário-geral do PS, António Costa.

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