Lisboa cumpre a função “megafone” da campanha socialista

PS andou pela capital e margem sul do Tejo, onde pela primeira vez Costa criticou ataques do PCP e BE ao PS.

Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta

“Temos quer lhe dar um megafone a ver se ele interrompe aqui”, avisava o director de campanha, Duarte Cordeiro, quando a caravana chegava à praça do Chile. A tradicional descida da rua Morais Soares cumpriu esta terça-feira o objectivo socialista com distinção. A iniciativa na capital era um dos momentos determinantes para o PS tentar mostrar dinâmica de vitória que fosse capaz de contrariar os números das sondagens. E a dada altura, perante a afluência, a caravana deslizou para o meio da rua.

Aí o PS arriscou. Antecipou o sucesso e chamou até a polícia para controlar a descida. No comício da noite, no entanto, o partido foi mais cauteloso. Montou o cenário para 800 pessoas, limitando, com gigantescos panos negros, o pavilhão 1 da FIL a cerca de um terço da sua capacidade. Só quando começavam os discursos é que se fez correr um dos panos para alargar o espaço mais atrás, permitindo que parte dos que haviam acorrido tivessem onde ouvir as intervenções.

Nas anteriores descidas da Morais Soares, a comitiva seguia pelo passeio sem atrapalhar o trânsito. Desta vez, António Costa acabou por seguir pelo alcatrão, para onde os apoiantes corriam para o abraçar. “O Torres Couto pediu-me para lhe vir dar um abraço”, dizia uma transeunte. Outra apareceu ao candidato com uma das biografias do socialista, “Ninguém disse que ia ser fácil”. Mas só quando viu que a apoiante tinha também um folheto de campanha é que acedeu. “Assino aqui...”, disse Costa enquanto satisfazia o pedido.

Por essa altura, alguns condutores, impotentes perante a rua cortada, desperavam. Um motociclista desabafava para os apoiantes. “As pessoas trabalham”, queixava-se, perante a indiferença dos socialistas.

Entretanto, Costa parava à porta da pastelaria Nilde, onde Ruben Alves apontava para um papel colado na vitrine onde se lia “23% IVA Não”. “Não se esqueça...”, dizia Alves. “Está no nosso programa: 13%”, retorquiu-lhe o candidato enquanto lhe apertava a mão.

Poucos metros à frente, Costa encontrou a direcção da AHRESP, em peso, à sua espera. O presidente Mário Pereira estava ali patra declarar o seu apoio. “Nós confiamos e estamos certos de que, se o PS ganhar, vamos passar o IVA para 13%”, garantia.

O resto da rua fez-se com a polícia a controlar o trânsito. Para controlar o ímpeto de Costa, passaram-lhe aí um megafone. E o candidato subiu a um murete das escadarias do Metro para agradecer aos lisboetas. Enquanto Costa se deixava ficar empoleirado, os apoiantes gritavam “a malta vai votar, o PS vai ganhar.”

Setúbal também cumpriu a missão. Na capital de distrito, a sardinhada para 400 pessoas serviu igualmente para dar palco ao ex-ministro Jorge Coelho. O socialista apelou ao “ajuste de contas” com a direita do PSD e CDS. Costa, no entanto, aproveitou para o fazer em relação a outros partidos políticos. “Estamos sozinhos contra toda a direita unida”, desabafou antes de fazer um pedido ao PCP e BE: “O mínimo que se pede é que ao menos concentrem os seus ataques na direita e não desperdicem as suas energias no PS”.

Mas a estrela  do comício acabou por ser a mãe sem nome que irrompeu pelo palco, atrasando a intervenção do ex-dirigente. “Venho aqui pelo sofrimento”, disse antes de dar conta do seu caso. “No dia 19 de Setembro, sábado, na Igreja de São Lourenço, o meu filho veio da China para casar. No domingo estávamos nervosos, na segunda estávamos tristes e na terça estávamos no aeroporto para seguir rumo a Pequim”, gritou. Depois, foi-se sentar numa das mesas do comício.

 

Sugerir correcção
Comentar