Jerónimo diz que não resulta remendar a lei para contornar recusa do BCE

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Jerónimo de Sousa Pedro Nunes

O secretário-geral do PCP disse este sábado que "não resulta" fazer um "remendo" legislativo para contornar a recusa dos administradores não executivos da Caixa Geral de Depósitos pelo Banco Central Europeu, reafirmando que os comunistas não vão apoiar o PS nessa medida.

Em causa está a composição do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), tendo o Banco Central Europeu (BCE) aprovado 11 nomes propostos pelo Governo, mas rejeitado outros oito por excederem o limite de cargos em órgãos sociais de outras sociedades, confirmou na quarta-feira o Ministério das Finanças.

"Consideramos que qualquer remendo em relação à adaptação das regras e normas não resulta. O problema de fundo é outro. Nós queremos readquirir a nossa soberania para poder determinar o futuro desta instituição bancária pública", referiu Jerónimo de Sousa, que falava aos jornalistas em Gondomar, distrito do Porto.

"O problema não está nos conteúdos e nas propostas do BCE. O problema está no mandonismo, a imposição, é ser o BCE a determinar o que nós temos de fazer. Isto demonstra que a nossa soberania está a ser alienada. Devia ser o Governo, as instituições nacionais a determinar o futuro da administração da CGD", acrescentou.

O líder dos comunistas confirmou que o PCP não vai acompanhar o PS numa eventual alteração à lei, porque, vincou, "isso não resolve".
Do seu ponto de vista, "o problema está na união bancária" e "quem votou a favor, designadamente PS, PSD e CDS, tem de responder como foi possível aderir a um processo que levou a esta alienação".

"Agora não se queixem. Não se teve em conta a importância que é para o país podermos ter decisões soberanas na área financeira", disse, sublinhando que "o PCP foi o único partido, quando foi decidida a união bancária, que alertou para o perigo real de perda de soberania". "Inevitavelmente o Banco de Portugal acabaria por ser uma espécie de filial do BCE", lamentou.

Questionado sobre se não teme que este tema enfraqueça a relação entre os partidos de esquerda, Jerónimo de Sousa rejeitou e referiu que o PCP tem sobre a matéria uma posição "autónoma" e "manterá a palavra dada" em relação às matérias nas quais "convergiu".

Já a propósito da polémica em torno do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), Jerónimo de Sousa afirmou que o PCP tem uma "concepção diferente de outros" em relação aos impostos: "Há quem fale em não aumentar impostos, isto dito de uma forma vaga. Nós consideramos que há impostos que devem baixar e impostos que devem subir, particularmente o grande capital. Esses têm condições para pagar mais impostos. Quem trabalha e vive da sua reforma não tem", concluiu.

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