Jerónimo de Sousa culpa PS por falta de coligações à esquerda
Socialistas sempre assumiram "política de direita" ao longo dos últimos 38 anos, diz líder do PCP.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, culpa o PS pela falta de entendimento e coligações com o PCP, acusando os socialistas de praticarem políticas de direita.
"Porque é que o PS, em vez de se entender com o PCP, sempre, mas sempre se entendeu com a direita? Não foi o PCP que empurrou o PS para a direita, foi o PS que assumiu uma política de direita ao longo destes 38 anos", disse Jerónimo de Sousa, num comício na Figueira da Foz, na quinta-feira à noite.
Aos que dizem que a esquerda "é incapaz de fazer acordos", o líder comunista respondeu: "O problema são os anos da politica de direita do PS, que hoje permanece e com a qual não querem romper".
O secretário-geral do PCP acusou ainda o "actual PS" de se apresentar ao país "com ares de viragem à esquerda e a colocar o contador das responsabilidades a zero", mas, sustentou, "sem ter nada de novo a dizer sobre questões que são vitais para a concretização de uma política alternativa", como a dívida pública.
"Porque é que o PS não diz como vai resolver o problema de divida e do serviço da dívida, que sabe que está a estrangular o país e o seu desenvolvimento?", questionou.
Jerónimo de Sousa aludiu ainda à proposta de resolução do PS para desencadear um processo parlamentar de audição pública sobre o impacto da dívida do Estado Português, aprovada sem qualquer voto contra das restantes bancadas na Assembleia da República, mas que não define qualquer solução em concreto para a questão da dívida, acusando os socialistas de terem optado por uma "não solução". "É apenas um debate para entreter", frisou.
Para Jerónimo de Sousa, o PS "continua em consonância com PSD e CDS amarrado às grandes orientações que estruturam a política de direita em Portugal e na União Europeia" e pretende chegar às próximas eleições legislativas "muito calado, sem dizer o que pensa e fazer o que sempre fez, decidir de acordo com os interesses dos grandes grupos económicos e dos grandes centros de decisão do capital financeiro".
Numa intervenção que se prolongou por cerca de 35 minutos, o líder do PCP criticou a proposta de Orçamento do Estado para 2015, classificando-a de "embuste", alegando que ela inclui, entre outros aspetos, um aumento de 4,7 por cento na carga fiscal.
As críticas estenderam-se à situação na Portugal Telecom (PT) que Jerónimo de Sousa deu como exemplo dos programas de privatizações que conduziram, disse, à "dependência e empobrecimento" do país. "Vendem tudo. Tudo ao estrangeiro, tudo aquilo que dá lucro", sustentou.