Carlos César acusa Passos de arrogância e culpa PSD por ruptura das negociações

Socialistas querem que PSD responda a questões sobre o cenário macroeconómico e a situação orçamental, assim como à carta sobre a reunião de terça-feira que Costa prometeu escrever ainda esta semana.

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Carlos César Adriano Miranda

O presidente do PS acusou esta quarta-feira à tarde Pedro Passos Coelho de ter adoptado uma atitude de “grande arrogância” durante as reuniões e atirou a responsabilidade pela ruptura das negociações para o PSD, se este não quiser esperar pela carta de António Costa, nem responder às questões socialistas sobre o cenário macroeconómico.

“Se o PSD não quiser esperar por essa carta e se não quiser responder às questões que lhes enviámos, sim, haverá ruptura, e sim, o PS continuará a trabalhar para que haja uma solução estável e duradoura” de governo, disse Carlos César em declarações aos jornalistas.

“Então o PSD assumirá a responsabilidade por esta ruptura. Nós não tememos essa ruptura, porque a nossa obrigação é encontrar um governo que não prolongue esta austeridade excessiva e que seja uma alternativa estável”, prosseguiu o socialista, que disse também não temer as palavras fortes de Pedro Passos Coelho, que acusou os socialistas de “chantagem política”.

Palavras que, ironizou Carlos César, não são “um método de aproximar a coligação e um partido de que a coligação precisa para constituir governo”. E contou que na primeira reunião, na passada sexta-feira, Pedro Passos Coelho assumiu uma atitude de “grande arrogância e até beligerante”, e disse ter dificuldade em compreender a ausência de uma “posição de humildade e de procura de consensos”.

Já na noite eleitoral, disse ainda o presidente socialista, o líder do PSD revelara uma “grande incompreensão em relação à situação eleitoral diferente que agora vivemos”. Por isso, “é obrigado a dialogar com o PS e não pode tratar o PS como se este fosse um partido amanuense do PSD, como se o PS fosse o CDS”.

Questionado sobre se há condições para PS e PSD-CDS continuarem a negociar, Carlos César preferiu atirar a bola para o campo da direita. O PS enviou à coligação um “conjunto de perguntas por escrito sobre a actualização do cenário macroeconómico, da situação orçamental, do sector económico, financeiro, das contas de um conjunto de medidas que são determinantes no programa de governo da coligação e que também se entrecruzam com medidas que podem ser adoptadas pelo PS”. “Não obtivemos a resposta que desejávamos”, disse o socialista, acrescentando que a ainda ministra das Finanças já reiterou que não pretende responder.

“Admira-me imenso que o dr. Pedro Passos Coelho, não esperando pelo compromisso que o PS assumiu na reunião de terça-feira de enviar uma carta que concretiza e detalha aquilo que oralmente nessa reunião foi transmitido, tenha anunciado que não fará mais reuniões com o PS”, acrescentou Carlos César. E provocou: “Quem precisa de fazer reuniões com o PS é justamente o Governo que tem minoria e que não está em condições de apresentar-se ao Presidente da República como alternativa estável.”

“O PSD assumirá as suas responsabilidades perante os portugueses, se romper com um diálogo que visa a constituição de um governo estável; o PS assumirá as responsabilidades que desde o início anunciou, que é justamente a de, não havendo condições para que a coligação que foi mais votada constitua governo, o PS [continuar] as suas diligências, que tem desenvolvido com boa-fé para que haja uma alternativa (…) que respeite o que [é] essencial ao governo – ter um apoio parlamentar estável e duradouro”, vincou Carlos César.

 

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