Assis sustenta que Governo está “manietado” pelo BE e PCP

O eurodeputado garante que votaria contra a moção do líder do PS no congresso.

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Francisco Assis Nelson garrido

O eurodeputado socialista Francisco Assis considera que o Governo PS está “manietado” pelo BE e pelo PCP. A uma semana do congresso do PS, Assis deu duas entrevistas muito críticas da solução governativa ao mesmo tempo que contesta a natureza “neoliberal” do líder do PSD, Passos Coelho.

Seis meses depois da tomada de posse do Governo PS, o antigo líder da bancada socialista vem reforçar a ideia de que a aliança com o PCP e com o BE é “contranatura” por existirem divergências “muito profundas” entre o PS e os partidos mais à esquerda. Em matéria de modelo económico, de Europa e de reformas estruturais. Ao jornal Expresso, Francisco Assis defendeu que a falta de crescimento económico “só se resolve criando um clima de confiança e condições para capital externo para financiar investimentos em Portugal, mas o BE e o PCP não revelam interesse nessa questão”. “Estamos de tal maneira manietados em garantir a sobrevivência desde modelo governativo que não há capacidade para abordar essa questão”, criticou.

O eurodeputado, que foi cabeça de lista pelo PS em 2014, apontou como um “erro” o PS ter assumido “com alguma leviandade” que tinha acabado a austeridade em Portugal “e não acabou e cria uma expectativa errada".

Assumindo que se afastou “deliberadamente” de um programa televisivo por não ter condições de assegurar a defesa do PS, Assis admite que fala agora por causa do congresso – na próxima sexta, sábado e domingo – onde tenciona discursar.

Sem ter qualquer cargo partidário, o antigo líder parlamentar contesta o cariz neoliberal que é, muitas vezes apontado por António Costa, a Passos Coelho. “Não diria que Pedro Passos Coelho seja a expressão pura e dura, de uma figura que desenvolva a sua actividade política segundo uma orientação estritamente neoliberal. Parece-me completamente errado, uma deturpação da realidade”, afirmou ao DN/TSF.

Assis disse não ter participado nas eleições que reelegeram, há uma semana, António Costa como secretário-geral do PS. “Esta candidatura de António Costa à liderança do partido está associada a um determinado projecto, a uma determinada visão e a uma determinada actuação, eu não votei nele como não votei em ninguém. Não participei”, disse. E garantiu que, se tivesse direito de voto, votaria contra a moção do líder socialista no congresso por ter uma “profunda divergência” com o projecto em questão. 

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