Obama pede unidade aos norte-americanos e reforça estratégia para a Síria

Tiroteio na Califórnia não afasta Obama da presente estratégia de combate na Síria e Iraque. Presidente norte-americano quer comunidades muçulmanas no combate ao extremismo.

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Presidente norte-americano pediu leis mais severas de controlo de armas. Saul Loeb/Reuters

Barack Obama reagiu aos possíveis ataques terroristas da semana passada na Califórnia defendendo a sua estratégia de combate ao grupo Estado Islâmico e recusando-se, uma vez mais, a enviar tropas para a Síria e Iraque para combater os jihadistas. “A ameaça do terrorismo é real, mas vamos ultrapassá-la”, afirmou o Presidente dos Estados Unidos no seu discurso ao país.

A partir da Sala Oval, Obama repetiu as primeiras conclusões da investigação ao tiroteio de San Bernardino. Afirmou que o casal autor dos disparos que mataram 14 pessoas – ele americano, ela paquistanesa – foi radicalizado pelo Estado Islâmico, mas salientou que o ataque parece não ter sido coordenado pelo grupo jihadista. “É evidente que ambos entraram pelo caminhou obscuro da radicalização”, disse Obama. “Isto foi um acto de terrorismo concebido para matar pessoas inocentes.”

A oposição republicana critica aquilo que diz ser o imobilismo do Presidente norte-americano no combate aos extremistas, tanto em território nacional como no exterior. Em todo o caso, mesmo reconhecendo o atentado mais grave em solo americano desde o 11 de Setembro, Obama não apontou novos caminhos para a sua Administração e não foi mais longe do que prometer reforçar os bombardeamentos contra os jihadistas.

“O nosso sucesso não depende de conversas valentes, ou abandonando os nossos valores, ou cedendo ao medo”, disse. “Em vez disso, prevaleceremos ao sermos fortes e espertos, resilientes e sem hesitações”, acrescentou, reforçando o compromisso de armar grupos de oposição na Síria e apoiá-los com pequenas equipas das forças especiais, como alternativa a uma invasão como a do Iraque ou Afeganistão.

“Não devemos entrar uma vez mais numa guerra longa e custosa no Iraque ou Síria. Isso é o que querem grupos como o ISIL [outra sigla para Estado Islâmico]." Segundo Obama, os jihadistas sabem que uma intervenção em força de forças estrangeiras conseguiria derrotá-los facilmente no terreno. “Mas sabem também que se ocuparmos territórios estrangeiros, podem sustentar insurgências durante anos, matando milhares das nossas tropas, retirando-nos recursos e aproveitando a nossa presença para conseguirem novos recrutas.”

A abordagem externa do Presidente norte-americano à guerra na Síria e Iraque mantém-se a mesma depois dos ataques de San Bernardino. Acontece o mesmo com as suas prioridades internas. No discurso da noite de domingo, o Presidente norte-americano repetiu o apelo a leis do controlo de armas mais severas e afastou-se da retórica da ala mais conservadora do Partido Republicano, que pede vigilância às comunidades muçulmanas nos Estados Unidos. Isto apesar de ter pedido a revisão dos vistos de residência a noivas de cidadãos americanos que permitiu a entrada de Tashfeen Malik no país.

Obama apelou à integração das comunidades muçulmanas, mas sublinhou para além disso – com invulgar frontalidade – que é também sua responsabilidade combaterem o extremismo religioso. “Se quisermos ter sucesso no combate ao terrorismo, temos de acolher as comunidades muçulmanas como um dos nossos aliados mais fortes, em vez de as afastarmos pela suspeita e ódio”, começou por dizer. “Isso não quer dizer que rejeitemos o facto de que uma ideologia extremista se alastrou por algumas comunidades muçulmanas. Isto é um problema real que os muçulmanos têm de enfrentar sem desculpas.”

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