Francisco “determinado” a reformar a Igreja para evitar novos escândalos

Novas revelações de desvio de dinheiros da Igreja para proveito próprio de alguns cardeais em dois livros publicados com fugas de informação do Vaticano.

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Aqueles que se reuniram com o Papa encontraram-no “muito amargo”, e também “desconcertado e descontente” Alessandro Bianchi/Reuters

O Papa Francisco está “determinado” a avançar com as reformas da Igreja, depois da fuga de informação e de documentos que revelam extravagâncias financeiras e corrupção no Vaticano, garantiu esta quarta-feira o número três da Santa Sé, monsenhor Angelo Becciu.

Depois das novas revelações, publicadas em dois livros que chegam esta quinta-feira às livrarias, que denunciam desvios de fundos destinados aos pobres ou aos doentes para financiar hábitos de vida luxuosos de alguns cardeais, Becciu revelou na sua conta de Twitter a mensagem de Jorge Bergolio: “Vamos em frente com serenidade e determinação.”

Antes de ser conhecida esta mensagem e depois de dias em que as páginas dos jornais se encheram de revelações sobre novos escândalos no Vaticano, aqueles que se reuniram com o Papa encontraram-no “muito amargo”, e também “desconcertado e descontente”, segundo revela a imprensa italiana.

O secretário-geral da Conferência de bispos italianos, monsenhor Nunzio Galantino, comentou o caso nos ecrãs da TV2000. “Coloco-me no seu lugar. Todos os filhos da Igreja, perante tais ataques concêntricos, não podem ficar indiferentes.”

Tentando encontrar uma explicação para as novas fugas de informação do interior do Vaticano que deram origem as novas revelações, Galantino considerou que “alguns têm certamente medo do processo de renovação que o Papa está a conduzir”. “Penso que alguns têm medo de uma Igreja que começa a ser inatacável em alguns aspectos, que começa a ser credível também aos olhos dos não-crentes, e que isso tira a razão a algumas pessoas” , insistiu o monsenhor, que é tido como uma figura próxima de Francisco.

Galantino denunciou Lucio Angel Vallejo Balda e Francesca Chaouqui, o prelado espanhol e a laica italiana que foram detidos por suspeita de roubo de documentos do Vaticano (Chaouqui foi entretanto libertada), bem como os dois jornalistas italianos autores dos livros que contém as revelações, Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi: “Estas quatro pessoas, se disseram verdadeiramente que agiram para o bem do Papa, então o que disseram foi disparates.”

“Eles sabem que estão a mentir, porque não estamos a ajudar alguém quando o apunhalamos pelas costas, roubando-lhe conversas privadas, e fazendo mal à Igreja”, insistiu monsenhor Galantino.

Os dois livros, Avarice (Fittipaldi) e Via crucis (Nuzzi) ainda não estão à venda mas numerosos extractos foram sendo destilados nos jornais, revelando como alguns elementos do topo da hierarquia clerical defendem com convicção os benefícios e vantagens adquiridos para seu usufruto pessoal, em plena contradição com a mensagem evangélica e com a ideia de despojamento e pobreza que Francisco quer fazer valer no seu pontificado.

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