Pedro e Paulo, a dupla que funciona em campanha

Os dois líderes da coligação Portugal à Frente têm sabido aproveitar os seus diferentes estilos.

Fotogaleria
Miguel Manso
Fotogaleria
Miguel Manso
Fotogaleria
Miguel Manso
Fotogaleria
Miguel Manso
Fotogaleria
Miguel Manso
Fotogaleria
Miguel Manso
Fotogaleria
Miguel Manso
Fotogaleria
Miguel Manso

Era uma das expectactivas da campanha da coligação Portugal à Frente: como é que Passos Coelho e Paulo Portas – dois líderes partidários com estilos tão diferentes – iriam funcionar como uma dupla em campanha. Até porque seria a primeira vez que o líder do CDS não teria todo o protagonismo. A resposta foi uma surpresa: acertaram o passo, afinaram o discurso e tornaram-se numa verdadeira dupla.

Os dois líderes da coligação sabiam que os olhares estavam virados para o relacionamento entre si na campanha. Portas tem sabido ficar um passo atrás do líder da coligação e candidato a primeiro-ministro, tal como a hierarquia exige. Nos primeiros dias, nos palcos dos jantares-comício, era o líder do CDS que ia buscar a mão de Passos Coelho para elevar os braços num gesto de união. Agora já é Passos que toma a iniciativa.

No terreno, em visitas a quintas agrícolas ou a fábricas, Portas faz por dar uma boa imagem de campanha. Passos manteve sempre uma posição mais institucional e raramente tem esse tipo de gestos, embora se mostre muito interessado nos detalhes. É Portas quem muitas vezes puxa pelo ‘Pedro’ e não se dá mal. O líder da coligação costuma aceder com boa vontade a colher uma framboesa ou a subir a uma debulhadora.

O líder do CDS é conhecido por ter muito à vontade no terreno de campanha. É enérgico a cumprimentar as pessoas e tenta chegar ao maior número de eleitores. Joga na eficácia do beijinho e do aperto de mão. E sempre que pode evita um potencial crítico. Postura contrária tem o candidato a primeiro-ministro que se demora com quem encontra. Seja mais ou menos crítico do Governo. Fica na história desta campanha o debate de dez minutos com uma reformada vestida de cor-de-rosa. Com Paulo Portas a assistir de longe.  

Mesmo com estilos diferentes, Passos e Portas têm sabido aproveitar a sua diversidade. Até nos discursos. Ao candidato a primeiro-ministro coube fazer as intervenções mais institucionais. Os ataques mais fortes ao líder do PS ficaram por conta do número dois da coligação.

As intervenções de um e de outro são diferentes na forma e na substância, mas não contraditórias entre si. E divergem até nas referências que são feitas aos dirigentes ou cabeças de lista de cada um dos partidos que participam nos almoços e jantares. Passos raramente faz um elogio a quem está na sua mesa (a centrista Assunção Cristas foi uma das excepções) , Portas nunca se esquece de cabeças de lista do PSD e do CDS em cada círculo. Já teve ocasião de elogiar todos os seus vice-presidentes, alguns deles potenciais candidatos à sua futura sucessão no partido. Atribuiu “capacidade de trabalho” a Pedro Mota Soares e “bom-senso” a Assunção Cristas. Chamou “carismático” a João Almeida. E de Nuno Melo disse ser a “referência” do partido.

Com discursos ao almoço e ao jantar dos dois candidatos e dos dois cabeças de lista, o controlo do tempo tornou-se imperativo. Ainda mais porque os dois costumam alongar-se. A máquina do PSD parece ter conseguido impor os seus limites. Portas tem confessado, por diversas vezes no púlpito, que o seu relógio está a marcar a hora de terminar.  

Na primeira coligação PSD/CDS que chega ao fim da legislatura, os próprios apoiantes e simpatizantes já esperam ver os dois líderes na mesma acção de campanha. E notam quando Portas “está de folga”, o que por vezes quer dizer que tem uma agenda paralela no distrito vizinho. Poucas vezes aconteceu na campanha oficial.

Tentam chegar ao mesmo tempo ao ponto de campanha na mesma caravana. Quando Portas fica para trás, Passos chama por ele - pelo ‘Paulo’ - para ficar ao seu lado. O mesmo acontece quando Portas se apercebe que o líder do PSD pode estar à sua espera. A dupla Pedro e Paulo tem sabido actuar nos palcos da campanha. Falta saber como vão representar na noite eleitoral de domingo.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários