Jerónimo acusa Cavaco de “condicionar o voto livre” dos portugueses

Líder da CDU recusa “meter o carimbo na política do mais do mesmo” caso o PS precise da ajuda dos comunistas para formar Governo.

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Está criado mais um caso na campanha. A manchete do Expresso assume que o Presidente da República dará posse a quem tiver mais mandatos, mesmo sem mais votos, e Jerónimo de Sousa reage: a 15 dias das eleições, Cavaco Silva está a fazer “pressão e chantagem” para “tentar condicionar o voto livre dos portugueses".

“Seria avisado por parte do Presidente, e de todos, que deixassem os portugueses decidir livremente a 4 de Outubro”, afirmou o líder da CDU numa arruada no Porto. “Aparece o Presidente a subir acima do chinelo… Isto não vale, não vale porque está a tentar condicionar o voto livre dos portugueses. [O Presidente] Deve limitar-se à Constituição e àquilo que ela define”, defendeu Jerónimo que acredita que as soluções de Governo “serão encontradas depois da formação da Assembleia da República”. Questionado sobre se deve dar posse ao partido com mais deputados ou mais votos, fugiu à resposta optando por afirmar que os portugueses “estão lá interessados na estabilidade governativa… querem é estabilidade para as suas vidas”.

E está Jerónimo disposto a ajudar o PS para essa estabilidade? “A experiência da vida diz-me que quem faz escolhas apressadas geralmente fá-las erradas. (…) Não faremos nenhum favor ao PS ou seja a quem for para prosseguir a mesma política. Não peçam ao PCP para avalisar e meter o carimbo na política do mais do mesmo. Disso estão os portugueses fartos.”

A movimentação na Batalha começara uma hora antes da partida. Bandeiras e placas amontoadas aqui, tarjas estendidas acolá no chão granítico sob o calor de final de Verão. Debaixo de uma árvore, reformadas de Campo, Valongo, entoavam canções tradicionais quando Jerónimo chega. Espalha-se o entusiasmo. “Olha, olha, é ele!” diz uma mulher que larga o braço do marido para se colocar na rota do líder do PCP. Para a beijoca, pois claro, diz depois Hermínia, de sorriso largo. Os comentários são de apoio à CDU, apimentados pelo sotaque e pelo vocabulário. “O povo põe-se a votar na porcaria… não sei do que tem medo”, ou “Viva a CDU, carago”, ou ainda “Sou toda vermelha, f…”

Jaime Ferreira, reformado, autocolante da CDU ao peito, espalhou dezenas de quadros antigos pela fachada do Cinema Batalha para vender. A “reformazita” de 330 euros é curta para sustentar os filhos de 11 e 14 anos, mas hoje ainda não vendeu nada – nem um euro há ainda para pagar a gasolina desde Leça da Palmeira.

A passo estugado, a arruada da CDU deixa a Praça da Batalha, percorre meia Santa Catarina, mete pela Rua Formosa, passa ao Bolhão e desce a Sá da Bandeira até à praça Garrett. Serão sete mil pessoas, diz a organização. Ao longo do caminho há muitos telemóveis no ar a filmar e a tirar fotografias a Jerónimo. Os comentários algo incrédulos vão-se repetindo nas esplanadas. Que é mesmo o Jerónimo, sim, como se de uma estrela de televisão se tratasse. Vai acenando a novos e idosos, aos das esplanadas e até ao casal improvável do Rato Mickey e da Alice (a do País das Maravilhas). Mas não pára. “Se isto não é o povo, onde é que está o povo? Que grande sondagem esta!”

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