Hillary Clinton está pronta para se declarar candidata - e ganhar

A confirmação oficial deverá ser feita no domingo através das redes sociais. Hillary Clinton é a favorita à nomeação democrata para a Casa Branca.

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Hillary Clinton com um fã no estado de Iowa Jim Young/REUTERS

A ex-secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, vai anunciar a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos durante o fim-de-semana. A informação já foi confirmada por fontes ligadas à campanha, que “aconselharam” os media e os apoiantes de Clinton a prestar atenção ao Twitter, no domingo.

Esse terá sido o dia escolhido para a publicação de um vídeo em que a própria falará da sua intenção de se candidatar a Presidente dos Estados Unidos. As sondagens mostram que Clinton é a concorrente mais bem colocada dentro do Partido Democrata para conseguir a nomeação e enfrentar um adversário republicano na luta pela Casa Branca, em 2016.

Segundo a imprensa, não está previsto nenhuma declaração ou discurso, nenhum comício ou acção de maior “espalhafato”. No entanto, não deixa de ser significativo que o anúncio surja antes da partida de Clinton para o Iowa e New Hampshire, os dois primeiros estados a votar nas eleições primárias do próximo ano.

No Iowa, as notícias que davam conta de reuniões e outros contactos entre Clinton e alguns dos mais conhecidos consultores políticos do estado já alimentavam as especulações sobre um anúncio in loco. Como explicam os analistas políticos, a escolha do pequeno estado rural não é inocente: trata-se, dizem, de uma manifestação de “humildade” de Hillary Clinton, que em 2008 foi surpreendentemente derrotada por Barack Obama logo no arranque das primárias democratas (Hillary era favorita, e terminou em terceiro, atrás de Obama e John Edwards).

Ao prescindir de um evento de grande envergadura, em Nova Iorque ou na capital, Hillary Clinton pretende ainda tornar clara a sua diferença para os candidatos do Partido Republicano que já entraram na corrida pela nomeação, os senadores Ted Cruz e Rand Paul.

Ao contrário de outros candidatos que se lançam na corrida presidencial na fase mais prematura, de forma a obter maior notoriedade política e exposição mediática, Hillary Clinton não tem que se dar a conhecer ao público americano – todos sabem quem ela é. 

Imbatível 
Mas o que revela o posicionamento precoce de Hillary na disputa presidencial, a um ano e meio das eleições, é acima de tudo a sua vontade de montar uma campanha vitoriosa e inultrapassável, em termos de estratégia, organização e recursos. Mostra, também, que a candidata estudou a lição e quer corrigir alguns dos erros apontados à sua campanha em 2008: em vez de assumir o favoritismo e encarar a corrida como uma coroação, Clinton pretende contactar mais de perto com os eleitores e as bases do partido.

Uma fonte ligada à candidata disse ao site Daily Beast que para a próxima semana já está agendada uma “operação louca” de recolha de fundos para a campanha. O objectivo será arrecadar uma quantia que suplante todos os registos históricos. A campanha já dispõe de cerca de 15 milhões de dólares, através do comité de acção política Ready For Hillary (Prontos para Hillary), que agora deverá ser dissolvido. Os 150 mil contribuintes dessa plataforma ainda poderão doar dez vezes esse montante à campanha de Clinton.

Aos 67 anos, Hillary Clinton já assumiu por duas vezes o papel de primeira-dama, quando o seu marido Bill Clinton foi governador do estado de Arkansas e quando foi Presidente dos Estados Unidos – na Casa Branca, Hillary integrava a equipa de conselheiros presidenciais. A questão sobre o papel que o ex-Presidente assumirá caso Hillary venha a ser eleita será, sem dúvida, um dos ingredientes extra a temperar a campanha.

No ano 2000, foi eleita senadora pelo estado de Nova Iorque, e reeleita em 2006. O seu mandato foi interrompido em 2008, quando concorreu pela primeira vez pela nomeação do Partido Democrata à presidência. O seu combate eleitoral com Barack Obama estendeu as eleições primárias até ao mês de Maio (habitualmente, o candidato é encontrado logo depois da chamada Super Terça-feira), e encheu de entusiasmo o eleitorado liberal da América: numa decisão inédita nos EUA, os eleitores democratas decidiam se queriam tero primeiro candidato presidencial negro, ou a primeira mulher.

Após a derrota nas primárias, Hillary empenhou-se na campanha de Barack Obama e foi “recompensada” com o cargo de secretária de Estado. À frente da diplomacia norte-americana, enfrentou a sua maior crise quando um grupo armado atacou a representação diplomática norte-americana em Bengazi, na Líbia.

Quando Clinton deixou Foggy Bottom, após a reeleição de Obama, em 2012, já se especulava que a sua ambição era uma nova candidatura à Casa Branca. Desde então, dedicou-se a escrever um livro de memórias, entrou no circuito das conferências e envolveu-se na campanha democrata nas eleições intercalares de 2014.

Este ano, a sua intenção tornou-se óbvia na forma como Hillary Clinton lidou com a polémica sobre o uso do seu e-mail pessoal na condução de assuntos oficiais do Departamento de Estado – os comentadores políticos dizem que essa será uma das armas de arremesso da oposição contra ela. Aliás, estimam que, tal como em 2008, quando esteve debaixo de fogo pelo apoio à guerra do Iraque, os seus opositores procurem explorar as suas fragilidades no campo da política externa.

A imprensa americana tem especulado sobre vários possíveis adversários de Clinton na luta pela nomeação democrata, mas até agora nenhum outro político do partido ou nome da ala liberal formalizou uma candidatura. O antigo senador da Virginia, Jim Webb, e o ex-governador do Maryland, Martin O’Malley são os nomes mais repetidos como os potenciais rivais nas primárias. A senadora do Massachusetts, Elizabeth Warren, tem uma entusiástica base de apoio na ala mais à esquerda do partido, mas  tem repetido que não tenciona candidatar-se à Casa Branca. O vice-presidente Joe Biden ainda não se pronunciou quanto a uma possível candidatura.

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