Kiev e rebeldes decretam trégua em Debaltseve para retirar civis

Cidade estratégica no Leste da Ucrânia tem sido palco dos mais violentos confrontos das últimas semanas.

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Autocarros vazios a dirigirem-se para Debaltseve Maxim Shemetov/Reuters

As forças de Kiev e os rebeldes separatistas pró-russos decretaram na manhã desta sexta-feira uma trégua temporária para retirar os civis de Debaltseve, um dos pontos mais quentes do conflito no Leste da Ucrânia.

A trégua começou às 8h e deverá terminar às 15h. Com as armas silenciadas, colunas de autocarros enviadas por ambos os lados começaram a chegar à cidade para recolherem a população civil.

Um correspondente da Reuters deu conta de 30 autocarros a dirigirem-se para Debaltseve, escoltados por monitores da OSCE e militares rebeldes. Outro jornalista da Reuters testemunhou o cortejo de uma outra coluna de dezenas de autocarros, desta feita controlados pelas forças de Kiev, também a dirigir-se para a cidade que nas últimas semanas tem sido palco de violentos combates.

As forças governamentais têm conseguido manter o controlo de Debaltseve, uma estratégica plataforma ferroviária que liga as duas regiões controladas pelos separatistas no Leste da Ucrânia, apesar da ofensiva separatista.

Encurralados, os poucos habitantes de Debaltseve que ficaram para trás viveram estas últimas semanas sem electricidade, com pouca água e comida, e já sem salários e pensões. A Amnistia Internacional anunciou esta semana que a maioria dos 25 mil habitantes já tinham fugido, tendo ficado sitiados na cidade cerca de sete mil civis.

Vários media ucranianos compararam os combates de Debaltseve à batalha de Illovaisk no fim de Agosto do ano passado, onde as tropas ucranianas se deixaram cercar pelos rebeldes, num confronto que se saldou em mais de uma centena de soldados mortos.

Esta tragédia foi seguida das conversações de Minsk em Setembro de 2014, onde foi acordado um cessar-fogo, violado quotidianamente desde então.

A trégua em Debaltseve foi decretada no mesmo dia em que o Presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, viajam até Moscovo para a apresentar um novo plano de paz para a Ucrânia ao Presidente russo, Vladimir Putin.

Mais de 5000 mil pessoas já morreram num conflito que provocou a maior crise entre a Rússia e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria.

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