Buscas porta-a-porta para encontrar suspeitos do atentado de Paris

Foram mobilizados 88 mil elementos das forças de segurança em todo o país para deter os dois irmãos.

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Chérif Kouachi, 32 anos, e o irmão Said Kouachi, de 34: a França procura-os AFP
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Membros das unidades de elite da polícia francesa em Corcy, próximo de Villers-Cotterets, onde se acredita que os suspeitos estejam AFP/FRANCOIS NASCIMBENI
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Um agente do GIPN (Polícia de Intervenção francesa) nos arredores de Villers-Cotterets, a Nordeste de Paris AFP/FRANCOIS NASCIMBENI
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A polícia está a conduzir buscas porta-a-porta em várias localidades da região AFP/FRANCOIS LO PRESTI AFP/FRANCOIS LO PRESTI
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A fotocópia do bilhete de identidade de Said Kouachi encontrada no carro abandonado pelos dois suspeitos após o atentado em Paris AFP
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Soldados franceses patrulham as imediações da Torre Eiffel: a França continua em alerta máximo AFP/BERTRAND GUAY
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O posto de combustíveis da Avia em Villers-Cotterets onde os suspeitos do ataque foram vistos AFP PHOTO / FRANCOIS NASCIMBENI AFP PHOTO / FRANCOIS NASCIMBENI

A França procura dois irmãos, suspeitos pelo atentado de quarta-feira na redacção do jornal Charlie Hebdo, que terminou com a morte de 12 pessoas. A polícia localizou os dois homens no Norte do país, segundo algumas fontes citadas pela imprensa francesa.

Por trás do ataque em pleno centro de Paris estiveram três homens: os dois irmãos Kouachi, de 32 e 34 anos, e Hamyd Mouradi, de 18 anos, que se entregou durante a última noite, após descobrir o seu nome entre os suspeitos.

A polícia concentra agora as buscas sobre os dois irmãos, Chérif e Said Kouachi. Uma grande operação policial foi montada durante a tarde com o objectivo de limitar o raio de acção dos suspeitos. Apesar de não haver qualquer confirmação oficial, são várias as testemunhas que relatam o aparato de helicópteros, veículos policiais e elementos de forças de intervenção em pequenas cidades a Nordeste de Paris.

Foram mobilizados em todo o território cerca de 88 mil elementos das forças de segurança, revelou o ministério do Interior, dos quais quase dez mil estão destacados apenas para a região de Paris. A maioria pertende à polícia (50 mil) e à polícia militar. denominada Gendarmerie (cerca de 32 mil).
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As buscas estão agora limitadas às imediações da cidade de Longpont, depois de interpelações porta-a-porta noutras localidades. As autoridades francesas decidiram colocar a região da Picardia – onde os suspeitos foram localizados – no nível máximo de alerta, à semelhança do que já foi feito na quarta-feira em relação à zona parisiense.

"A vila está completamente fechada a cadeado. Temos ordem para ficar no interior e não sair à rua", descreveu ao Libération uma gerente de um restaurante de Longpont.

À AFP uma fonte da polícia confirmou que o carro em que seguiam os dois irmãos foi abandonado e a televisão local France 3 Picardie diz que ambos estarão numa casa, uma tese que carece de confirmação. Em Crépy-en-Valois, perto do local onde os suspeitos foram localizados, esteve em curso uma grande operação policial para a qual foram mobilizados helicópteros e carrinhas. O autarca da cidade, Bruno Fortier, confirmou à Reuters a existência da operação, mas revelou desconhecer se os suspeitos estariam de facto escondidos nalguma casa.

Ainda não houve qualquer confirmação oficial e as autoridades têm insistido quanto à necessidade de manter a confidencialidade das investigações. Foram detidas nove pessoas relacionadas com o atentado, revelou ao final da tarde de quinta-feira o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que apesar de não confirmar se os dois suspeitos foram localizados, afirmou que "a polícia nacional actuou em vários locais".

O ministro explicou ainda que "mais de 90 pessoas se apresentaram como testemunhas" e que "os exames post mortem às vítimas já foram realizados". "Um plano anti-terrorismo está em marcha e estão a ser postos à disposição da polícia poderosos meios", acrescentou Cazeneuve.

De manhã, os dois irmãos tinham sido localizados na Estrada Nacional 2, na região de Aisne, no Norte do país, de acordo com testemunhas ouvidas pelo jornal Le Parisien. Os suspeitos encontravam-se a bordo do mesmo veículo no qual abandonaram Paris, um Clio branco com a matrícula tapada, ao fim da manhã de quarta-feira, minutos depois do atentado.

Os suspeitos deslocavam-se na direcção de Paris, segundo fontes policiais, temendo-se que possam tentar executar um novo ataque na capital francesa.

Os homens foram vistos numa estação de serviço, que terão assaltado, e foram identificados pelo gerente, que contactou a polícia. A testemunha afirmou que ambos estavam mascarados e ainda dispunham do armamento com que executaram o ataque.

Helicópteros sobrevoam a região de Aisne, a cerca de 80 quilómetros a nordeste de Paris, e unidades do GIGN – uma força de intervenção especial das Forças Armadas – encontram-se nas imediações. Algumas fontes relatam que foi posto em marcha o plano Epervier na zona sul do departamento de Aisne, onde foram localizados os suspeitos. Este plano é utilizado para limitar uma certa área em situações de perseguição policial, através do bloqueio de estradas e de outros acessos.

Bandeiras jihadistas
As buscas ao carro abandonado em Paris, ainda na quarta-feira, pelos autores do ataque durante a fuga revelaram, segundo uma fonte policial citada pela AFP, a existência de duas bandeiras jihadistas e cerca de dez cocktails molotov. De início, um jornalista do Le Monde afirmara que uma tinha o símbolo do Estado Islâmico, mas mais tarde o jornal rectificou a informação, dizendo que ambas são bandeiras da jihad – em que está inscrita a shahada, a profissão de fé feita pelos crentes muçulmanos e que tem sido adoptada por vários grupos do movimento jihadista.

Perante a possibilidade de fuga dos suspeitos, o Reino Unido aumentou o nível de segurança nos seus postos fronteiriços. No entanto, o Governo britânico considera não existir uma "ameaça específica" para a segurança interna do país, segundo a BBC.

Quando revelou a identidade dos suspeitos, o ministro do Interior afirmou que os dois irmãos eram já "objecto de vigilância". Porém, "não havia elementos sobre eles que atestassem a iminência de um ataque", explicou o ministro, citado pela AFP.

Entre os três suspeitos, Chérif Kouachi é o que concita mais atenção, uma vez que se trata de um nome conhecido dos serviços de contraterrorismo franceses. Em 2008 foi condenado a três anos de prisão, dos quais 18 meses de pena suspensa, pela sua participação numa rede de envio de combatentes que se pretendiam juntar à Al-Qaeda no Iraque.

Dois anos depois, Chérif foi um dos suspeitos de conspirar para libertar um antigo dirigente do Grupo Armado Argelino Islâmico (GIA), Smain Ait Ali Belkacem, condenado a prisão perpétua em 2002 como um dos responsáveis pelo ataque a uma estação de metro em Paris, em 1995, que matou oito pessoas. O irmão de Chérif também era suspeito, mas ambos acabaram por ser ilibados por falta de provas, segundo a BBC. com agências
 

 

 
 

 

 

 

 
 

 

 
 

 

 
 

 

 
 

 

 
 

 

 
 

 

 
 

 

 

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