Portas defende "IRS mais amigo da família"

Comemorações dos 40 anos do partido arrancaram com um jantar em que não participou qualquer ex-presidente.

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Paulo Portas falou aos jornalistas no fim do debate no Parlamento Foto: Carlos Lopes / Arquivo

Em vésperas de preparação do próximo Orçamento do Estado, o líder do CDS, Paulo Portas, aproveitou o 40º aniversário do partido para sublinhar a necessidade de um IRS “mais amigo da família” e das “famílias com filhos”.

No jantar de arranque das comemorações do aniversário do CDS, em Lisboa, o vice-primeiro-ministro disse aguardar “com responsabilidade” a conclusão dos trabalhos da comissão de reforma do IRS, mas deu a sua opinião sobre o caminho a seguir. Portas defendeu ser “absolutamente necessário” construir-se, "de acordo com as possibilidades, um IRS mais amigo da família e mais amigo das famílias com filhos". A mesma ideia foi esta semana sublinhada no Parlamento pelo ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares.

Portas disse que apesar de não haver "varinhas mágicas" para o "inverno demográfico" que atingiu a Europa e, em particular, Portugal, tem que se começar "por algum lado", e sublinhou a possibilidade de começar pelo "lado fiscal".

O presidente do CDS-PP reiterou também a necessidade de "proteger os sinais da recuperação económica e dar condições ao investidores, para produzir, investir, internacionalizar, exportar e assim gerar crescimento e mobilidade social". Esta afirmação do também vice-primeiro-ministro é proferida no mesmo dia em que os deputados do CDS-PP Cecília Meireles (vice-presidente da bancada) e Michael Seufert criticaram as propostas da chamada "fiscalidade verde".

No discurso perante 700 militantes e em que não esteve nenhum ex-presidente do CDS, Paulo Portas afirmou que o partido não desistiu de “ser maior” e que a coligação com o PSD é “imperativa”. "Até hoje, o CDS-PP não teve oportunidade de liderar executivos nem de ser o pilar principal de programas de Governo. É uma circunstância arreliantemente teimosa. Mas, com grande humildade, nós também dizemos que não desistimos de ser um partido maior nem de sermos postos à prova", afirmou.

Portas defendeu que "o CDS-PP tem sido um recurso do país para situações muito difíceis" e que foi por isso formatado "no modelo muito europeu das coligações, que são compromissos permanentes". "No caso actual, diria que é tão imperativa a necessidade da coligação entre PSD e CDS-PP como é compreensível e necessária a defesa da nossa identidade numa coligação que não é, nem ninguém queria que fosse, uma fusão", afirmou.

Paulo Portas afirmou que "trazer o CDS-PP para o arco da governabilidade deu trabalho, mas é hoje um facto não controverso".

"Nós sabemos que governar implica muita responsabilidade e não pouco pragmatismo. O país sabe que sem o CDS-PP no arco da governabilidade, o nosso sistema político ficaria tomado e limitado pelo chamado centrão", sustentou.

Para o líder centrista, "o povo português chamou sempre o CDS-PP ao Governo quando as circunstâncias eram de emergência extrema". "O CDS-PP foi e fez bem em ir, porque Portugal é o bem maior", argumentou, afirmando que sempre que foi chamado ao Governo "foi com a casa a arder e a penúria à vista de todos".

Portas recordou a génese do CDS-PP: "Nascemos apesar do PREC [Processo Revolucionário em Curso], crescemos debaixo de cerco e de tiro, instituídos votando contra uma Constituição, que os sectarismos e os dogmatismos da esquerda transformaram numa oportunidade perdida".

O facto de o CDS ter sido o único partido que votou contra a Constituição de 1976 foi muito sublinhando pelo líder do partido. "O CDS sempre soube fazer um separador entre aquela que foi porventura a sua deliberação mais justa, mais visionária, mais correta e mais corajosa, o voto contra a Constituição, com qualquer inferioridade que nos quisessem atribuir, num regime que sendo democrático, teria que ser para todos", defendeu.

"A Lei Fundamental foi ficando menos má, revisão após revisão e o CDS esteve em todas. O partido sempre teve a noção clara que o país tinha que ser governável e governado", acrescentou.

Portas lembrou a história do partido, "feita de ciclos", como em todos os "partidos democráticos", e afirmou que o CDS-PP assume "a história como um todo", sem a "purgar". "Não temos dificuldade em colher ensinamentos que o tempo enraizou de cada um dos presidentes", disse.

De Diogo Freitas do Amaral, lembrou "a fundação", de Francisco Lucas Pires, "a inovação", de Adriano Moreira, que disse ser o maior dos "mestres e sábios" dos centristas", evocou "a visão nacional", de Manuel Monteiro, "a proximidade", de José Ribeiro e Castro, a "perseverança".

"De mim não falo porque estou em funções e o mandato ainda não acabou", disse. Esta sexta-feira à noite, realiza-se no Porto o jantar de aniversário, desta vez com o ex-presidente José Ribeiro e Castro, deputado eleito por aquele círculo. 

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