Jihadistas atacam a maior refinaria do Iraque

Ofensiva, a norte de Bagdad, mostra que Governo continua com dificuldades para travar avanço dos rebeldes.

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Meia centena de trabalhadores estrangeiros foram retirados no domingo da refinaria Thaier al-Sudani/Reuters

Os jihadistas atacaram, na última madrugada, a maior refinaria do Iraque, a norte de Bagdad, em mais uma demonstração da capacidade para agir em várias frentes, apesar das afirmações do Governo de que está a recuperar terreno. Segundo um responsável, os rebeldes controlam já 75% da unidade.

Fontes da segurança iraquiana adiantaram que os combates começaram cerca das 4h (2h em Portugal continental) quando os rebeldes, armados com morteiros, atacaram duas das três entradas da refinaria de Beiji, situada a 200 quilómetros a norte da capital iraquiana. Os confrontos prosseguem e, segundo um funcionário ouvido pela AFP, alguns reservatórios foram incendiados.

A refinaria situa-se na província de Salahedin, para onde as forças do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) avançaram depois de, há uma semana, terem conquistado num ápice Mossul, a segunda maior cidade do Iraque. Domingo, horas antes de os rebeldes cercarem o local, foram retirados 50 trabalhadores estrangeiros, adianta o jornal Times revelando que nas operações participou uma empresa de segurança britânica, mas só na terça-feira a refinaria foi encerrada. Não se sabe, por isso, quantos funcionários ainda lá se encontram.

Certo é que os cerca de 250 soldados destacados para proteger as instalações não foram capazes de impedir a entrada dos rebeldes. “Eles conseguiram entrar e controlam as unidades de produção, o edifício administrativo e quatro torres de controlo”, disse à Reuters uma fonte da segurança, acrescentando que “isto representa 75% da refinaria”.

Em Beiji é refinado quase um quarto do petróleo consumido no Iraque, adianta a agência AP, o que faz da unidade um alvo apetecível para o ISIS que, desde 2012, controla campos petrolíferos no Leste da vizinha Síria – o crude que vende, por vezes ao próprio regime sírio, garante-lhe uma importante fonte de financiamento para comprar as armas que usa agora na sua ofensiva iraquiana, sublinha o Guardian.

A conseguirem capturar a refinaria, os rebeldes poderão afectar o abastecimento de combustível e provocar uma previsível corrida às bombas de gasolina, o que agravará o sentimento de caos que começa a instalar-se em várias cidades – a BBC noticiava nesta quarta-feira que muitos habitantes de Bagdad estão a encher as despensas com o medo de um cerco à cidade, fazendo disparar o preço dos alimentos nos mercados.

Noutras frentes de combate, o Exército anunciou nesta manhã ter reconquistado a cidadela de Tal Afar, estratégica cidade xiita a oeste de Mossul que os rebeldes dizem ter capturado na terça-feira. Em Ramadi, cidade que o ISIS controla parcialmente desde o final de Dezembro, os rebeldes anunciaram ter conseguido avanços nas últimas horas. A BBC dá também conta de que o Exército iraquiano lançou novos ataques aéreos contra posições dos rebeldes em Diyala e Salahedin, províncias a norte de Bagdad onde o ISIS fez vários avanços, nos últimos dias, e que são consideradas chaves para garantir a segurança da capital.

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