Caravana da Aliança Portugal entre a contestação e o desinteresse popular

Candidato centrista Nuno Melo na rua: "Nós mostramos que não temos medo”.

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Rui Gaudêncio

Com uma máquina partidária em modo mínimo, a caravana da Aliança Portugal enfrentou no centro de Coimbra algum descontentamento popular ou até desinteresse geral pelos políticos.

Logo ao início de uma rua pedonal, os candidatos eram esperados por um militante do PSD há 33 anos. Um reformado que concordava – e até sabia a “cartilha” – com uma das principais mensagens da campanha da coligação: “O PS é que levou o país à bancarrota”.

O social-democrata tentava levar Paulo Rangel e Nuno Melo aos lojistas mais amigáveis. “Já não está cá ninguém, mas estou cá eu”, dizia, quando atrás pouco mais de meia dúzia de elementos das juventudes partidárias levavam bandeiras e entoavam alguns cânticos.

Alguns metros diante, um reformado dirigiu-se a Nuno Melo para se queixar do corte da pensão de 600 euros. Perante a dose de indignação, o candidato provocou: “O Sócrates é que governava bem, não era? Eu acho que ele arruinou o país”. A resposta foi exaltada: “Não arruinou, não. Aí é que está a vossa mentira”. A troca de palavras foi pouco simpática e a despedida ainda menos. “Miseráveis”, rematou.

Mais à frente, tanto Nuno Melo como Rangel são levados a comprar a duas universitárias capas de fitas em miniatura para ajudar uma instituição social.

“Quero três, uma por cada credor a ver se eles se vão embora”, pediu o candidato pelo CDS, por entre risos. A simpatia das estudantes contrastou com o desinteresse de uma vendedora numa loja de atoalhados. Atrás do balcão, assim que a comitiva invade o espaço, a lojista avisa: “Não gosto de ninguém, de nenhum”.

Nuno Melo agradece a sinceridade e a educação. À saída, a vendedora ainda lhe deseja “boa sorte”. Só no final da rua, chegou um grande abraço aos dois candidatos, dado por uma militante do PSD, de idade avançada.

A fraca mobilização das pessoas está a ser desvalorizada pela Aliança Portugal. Questionado pelos jornalistas, Paulo Rangel diz não estar surpreendido. Assume que “encontra uma ou outra pesssoa” que protesta com os cortes mas também quem os considere necessários. E garante que a campanha vai ter as “suas próprias participações”, vai ter no terreno o “apoio de gente do PSD e do CDS”, mas não revela em que moldes.

Nuno Melo acrescenta: “Havia aí quem dissesse que temos medo. Nós mostramos que não temos medo”.

Os candidatos foram ainda confrontados com declarações de Rui Rio sobre uma eventual deriva eleitoralista do Governo, após as eleições. Rangel não vê dessintonia entre o mote da campanha da Aliança Portugal e as declarações do antigo presidente da câmara do Porto. “Não podemos voltar atrás ao despesismo socialista”, sublinhou, agradecendo a “ajuda” do senador do PSD.

Já Nuno Melo lembra a velha coligação. “Rui Rio conhece-nos muito bem, já estivemos ao lado dele em muitas ocasiões”.  

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